A integração entre os universos físico e digital é cada vez mais uma exigência do consumidor. Prova disso são os dados da pesquisa global do Ebeltoft Group “Phygital Retail: Última chamada para a transformação digital”, apresentada por Eduardo Yamashita, COO do Grupo GS& Gouvêa de Souza, durante o LATAM Retail Show, o mais completo evento de varejo e consumo da América Latina.
Eduardo explicou que a pesquisa se refere à “última chamada” porque a distância entre as empresas que se transformaram digitalmente e as que não fizeram esta mudança está se tornando grande demais e poderá se tornar intransponível.
Algumas empresas mais tradicionais, como a Sears, mantiveram seu foco em grandes lojas e estão ficando para trás. Já outras, como o Walmart, vêm investindo em aquisições para se digitalizarem. O terceiro grupo é o de empresas que nasceram digitais, como Alibaba e Tencent. “Estas empresas se arriscam mais e sabem realizar melhores investimentos”, destacou Yamashita.
Diante deste cenário, o caminho natural é a integração entre os universos físico e digital. Mas, Eduardo ressalva: “Nós pudemos notar que existe um gap entre a percepção de urgência dos varejistas e a que percebemos no mercado. Vemos que os varejistas estão muito aquém da velocidade exigida”.
A pesquisa Phygital Retaill ouviu 150 CEO’s, líderes do varejo de vários países. “Percebemos que não estamos sozinhos, os varejistas do Brasil têm os mesmos desafios e angustias dos varejistas do mundo todo. Isso ajuda a entender os pontos chave e saber se estamos acertando nas estratégias phygital”, contou.
A pesquisa também observou que os lideres ainda têm grande dificuldade para definir prioridades. A tendência de grande parte, quando questionados, foi elencar tudo como prioridade. “A consequência disso é ter uma estratégia superficial, com um pouco de tudo, mas sem aprofundar em nada. Isso gera uma estratégia falha.”
Outra importante conclusão do estudo é que preciso ser bom em muitas coisas para acertar no phygital. Isso gera uma enorme dificuldade, pois são necessárias muitas habilidades, de forma como nunca foi exigido antes.
“Foi interessante que um dos varejistas destacou que antes o foco eram as lojas e os produtos. Agora, com o digital temos a oportunidade de focar no consumidor”, disse Eduardo. Assim, o phygital é fundamentalmente focado em pessoas, sendo a chave para uma boa estratégia de transformação digital. Yamashita contou que um dos pesquisados destacou: “O digital tem como função facilitar o trabalho das equipes, permitindo que elas dediquem mais tempo aos clientes”.
Por outro lado, embora os varejistas tenham alguma consciência da importância do digital, ainda é necessária uma mudança de mentalidade. “A transformação digital ainda é vista como um problema, não como uma oportunidade para os varejistas”, destacou Yamashita.
Os varejistas também se mantêm receosos em relação ao porte dos gigantes de tecnologia, como Alibaba. “Eles temem perder o controle do negocio e do relacionamento com os clientes. Mas nós vemos as parcerias com essas empresas como uma das melhores formas de alavancar os negócios e reduzir esse gap em relação às empresas digitais mais rapidamente”, afirmou Eduardo.
* Foto: Terassan Fotografia