Ter a visibilidade de uma loja de rua com as conveniências, estrutura e facilidades do shopping center. Isto é exatamente o que os strip malls ou strip centers oferecem aos varejistas. Para comentar este formato pouco conhecido, mas muito vantajoso, Marcos Saad, sócio co-fundador da MEC MALLS; Evandro Negrão, presidente da My Mall Strip Malls; Dorival Oliveira, VP de Franquias do McDonald’s; Carla Mautone, diretora da HBR Realty; Victor Leal, co-CEO e co-fundador do Grupo St. Marché, participaram do painel “Strip Malls: ideal para quem vende solução e conveniência”, durante o LATAM Retail Show, com a mediação de Janice Mendes, diretora-executiva da GS&Malls.
Janice falou sobre o mercado de vizinhança. “Entre 2014 e 2017, mercados de vizinhança e conveniência cresceram 55%”, disse a especialista. Este crescimento se faz presente não apenas no Brasil, mas na América Latina como um todo. Esta popularização do formato se deve a alguns fatores, como o envelhecimento da população, já que os idosos preferem comprar perto de casa e à redução do núcleo familiar. “Nós mulheres temos nossa parcela nisso, a maternidade vem sendo adiada. Além disso, não há mais uma obrigação como antigamente de ter filhos”.
Outro fator de destaque é o problema do deslocamento, não apenas em São Paulo, mas em muitas cidades. O trânsito e a falta de transporte público de qualidade faz com que as pessoas queiram comprar perto de casa ou do trabalho. O tempo é um fator importante, já que o cotidiano das pessoas vem se tornando cada vez mais corrido. As pessoas têm pressa e querem resolver as coisas facilmente.
O mercado de vizinhança oferece solução, que é um dos três principais polos do varejo (valor, diferenciação e solução). Alguns exemplos de operação que atuam no segmento são o Hirota e o Carrefour Express.
Marcos destacou a criação da ABMalls (Associação Brasileira de Strip Malls). Os objetivos da associação são organizar o setor, mapear o segmento, já que não há um censo do setor, difundir as melhores práticas, trocar conhecimentos entre operadores, profissionalizar o setor, firmar parcerias estratégicas, realizar visitas técnicas e palestras nacionais e internacionais, entre muitos outros.
De acordo com o executivo, os strip malls são “centros comerciais de rua organizados, com foco em operações de conveniência e buscando sinergia entre elas. O estacionamento é o pulmão que permite o crescimento dos varejistas”, afirmou Marcos.
Estes empreendimentos possuem vantagens dos shopping centers, como segurança, limpeza, manutenção, gestão profissional, tudo isso sob uma taxa de condomínio menor que a dos shoppings tradicionais. “Procuramos trabalhar de forma semelhante às lojas isoladas de rua, mas com algumas vantagens dos shopping centers”, resumiu o executivo.
Ele destacou que o consumidor dos strip centers e dos shoppings é o mesmo, apenas em momentos de consumo diferente. “O strip center está no sentido going home do consumidor. Ele vai para um período de compra de 15, 30, no máximo, 40 minutos”, explicou. Ao ir ao shopping, o cliente vai com mais tempo, com o objetivo de ter entretenimento e lazer, não para fazer compras rápidas.
Evandro contou que decidiu investir em strip centers por meio da fundação da My Mall porque acredita que “o melhor investimento imobiliário é em lojas de rua abertas. Não é preciso fazer ofertas ou ações especiais. Ela está à vista do consumidor”, disse o executivo. Ele destacou também que é fundamental o strip mall estar bem conservado, limpo, com faixas de estacionamento bem pintadas e lojas bonitas, para que o local seja atraente para o consumidor.
Victor compartilhou sua experiência como varejista que opera em strip centers. Para ele, o diferencial do strip mall é estar em um ponto que reúne as conveniências do bairro, como farmácias, lojas e serviços. “Estando sozinhos, nós temos que cuidar da própria segurança, infraestrutura e limpeza. Se pudéssemos, só atuaríamos em strip malls”, afirmou.
Dorival comentou a diferença entre as operações de shopping centers e strip malls. “Com bom planejamento e mantendo a sinergia entre as operações, a vantagem do strip center é estar perto do consumidor”, esclareceu o executivo. Ele contou que é comum o McDonald’s ter uma loja em um shopping e outra próxima na rua e, normalmente, os consumidores preferem as lojas de rua.
Carla falou sobre o planejamento do mix das lojas, realizado normalmente no inicio do projeto. “Naturalmente seguimos o tripé dos strip malls: conveniência, serviços e alimentação. Mas também fazemos um estudo da região, procurando adequar ao perfil local. Um exemplo é um projeto que estamos desenvolvendo em Pinheiros, cujo mix vai ser mais voltado para alimentação, porque sabemos que se adequa à demanda”, explicou a executiva.
* Foto: Terassan Fotografia