A proporção de lares paulistanos endividados chegou a 58% em agosto. Isso significa que há 2,28 milhões de famílias com algum tipo de dívida na cidade de São Paulo, maior valor desde o início da série histórica, em 2010. Assim, a intenção de comprar um produto financiado ou parcelado nos próximos três meses sofreu baixa de 10,6%.
Diante deste cenário, a confiança do empresário patina, com recuo de 1,9%, em agosto. No mesmo mês, os empreendedores também afirmaram não pretender expandir os negócios, numa queda de 2,6% do Índice de Expansão do Comércio. Os levantamentos foram feitos pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) no último mês.
A despeito do cenário, a alta do endividamento pode significar que houve volta do consumo de mercadorias de valores menores. Além disso, o recente avanço econômico e a estabilidade da inflação, no último mês, serão sentidos no longo prazo. Os consultores da FecomércioSP apontam que, para o segundo semestre, as vendas podem melhorar com a liberação do FGTS, do PIS e com o pagamento do décimo terceiro salário. Assim, os consumidores terão condições de pagar compromissos em atraso e dar vazão a novos gastos.
Para os próximos meses, a entidade sugere um pouco mais de ousadia ao empresariado, como aumento de estoque e contratações de mais funcionários para as novas demandas que virão com Black Friday e Natal.
De acordo com a federação, os comerciantes podem se beneficiar das atuais ofertas das operadoras de máquinas de cartões, com a possibilidade de o consumidor efetuar o pagamento na modalidade crédito e o empresário receber o dinheiro à vista, o que é muito importante para o fluxo de caixa do negócio.
Na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) houve alta de 2,3 pontos porcentuais (p.p.) na proporção de famílias paulistanas endividadas em agosto – de 55,7% em julho para os atuais 58%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a elevação foi maior: 4,4 p.p., o que significa quase 200 mil famílias a mais do que em 2018.
Também houve elevação da inadimplência: de 20,2% em julho para 21,1% em agosto, a terceira maior da série histórica, iniciada em 2010. São 830 mil lares nessa situação, 37 mil a mais que no mês anterior. Já o porcentual de famílias que afirmaram não ter condições de pagar as dívidas permaneceu praticamente estável: de 8,5% em julho para os atuais 8,8%, com 344 mil famílias lares condição atualmente.
A parcela de paulistanos que pretendem comprar algum produto financiado ou parcelado teve baixa significativa em agosto, de 10,6%, passando de 51,5 pontos em julho para os atuais 46,1. No entanto, no comparativo anual houve elevação de 6,4%.
Já o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) retraiu 1,9% em agosto e passou de 111,9 pontos em julho para os atuais 109,8.
Os três itens que integram o indicador recuaram na passagem de julho para agosto. O Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC) caiu 2,4%; o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) recuou 1,5%; e o Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) sofreu baixa de 1,7%.
O Índice de Expansão do Comércio (IEC) também recuou 2,6% e passou de 101,4 pontos em julho para 98,8 pontos em agosto. Entretanto, em relação ao mesmo mês de 2018, registrou elevação de 5,1%.
Os dois quesitos do IEC registraram queda no mês: a propensão do empresário a investir baixou 3,5% em relação a julho, enquanto a expectativa de novas contratações caiu 2% no comparativo mensal. Contudo, em relação ao mesmo período do ano passado, ambos obtiveram altas de 4,6% e 5,4%, respectivamente.
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