Fundador da Chilli Beans, uma das marcas mais icônicas do mercado brasileiro, Caito Maia encerrou o 10º Fórum Internacional de Gestão de Redes de Franquias e Negócios. A veia empreendedora, paixão pelo negócio e visão do produto foram contados em sua palestra.
“O varejo é feito de detalhes. É isso que faz as coisas acontecerem. Eu aprendi que fazer o básico, o arroz com feijão, traz a solidez ao negócio”, destacou. A história do empresário com o setor de óculos começou quando revendia no Brasil produtos que adquiria nos Estados Unidos. Tudo isso para bancar suas atividades na banda Las Ticas Tiene Fuego.
A revenda faliu e o primeiro aprendizado veio “Até então vendia um produto e precisava de uma marca”, explicou. O Chilli Beans surgiu dentro do Mercado Mundo Mix, evento cultural que expressa através de múltiplas linguagens artísticas, como artes, música e moda.
Essas três expressões são os pilares da marca, que atualmente possui 900 pontos de venda, sendo 400 deles quiosques, de está em 12 países. A marca lidera o mercado de óculos de sol no Brasil, com share de 14%. O sucesso fez com que a história ganhasse interesse da indústria audiovisual, com previsão de virar filme em breve. Semanalmente lança dez modelos de óculos de sol, cinco de relógios e sete de armações de grau.
A Chilli Beans teve pioneirismo em várias práticas, como a venda de moda em corredores de shopping. O empreendedor descartou facilidades nos negócios e velocidade em ganhar dinheiro. “Hoje se fala muito em startups e pessoas que rapidamente se tornam milionárias. A pressa pelo milhão é curiosa. No fundo, o importante é a paixão pelo que se faz”, defendeu.
A inquietude e avidez por mudanças também tiveram destaque ao longo da trajetória da empresa. Maia citou o trabalho realizado pela consultoria Vimer para a Chilli Beans na loja do Ibirapuera. A sugestão de mudanças como expor com destaque as novas coleções e temas trouxeram aumento de vendas em quase 20% em vendas e 30% em fluxo no ponto de venda.
A trajetória também vem sendo marcada por ações ousadas como o Flagship Chilli Beans Oscar Freire, com 750 metros quadrados. A mega loja tem espaços que exibem óculos em mesas de sushi, recebe grandes eventos e tem andares dedicados a linguagens como a música.
O mais novo negócio da marca é a entrada no segmento de óculos de grau. Em junho desse ano, houve a inauguração da primeira Ótica Chilli Beans, no Shopping Cidade de São Paulo. A intenção é chegar a 400 óticas em três anos. “A gente percebeu que as pessoas quando vão comprar óculos de grau são tratadas como doentes. A ideia como o novo negócio é exercitar a ideia dos óculos de graus nas pessoas”, explicou o fundador.
Maia falou ainda das chamadas turnês pelas lojas. Anualmente o empresário visita 200 pontos de venda por ano. Ele destacou a importância desse movimento para além de uma ação midiática como forma de estreitar o contato com franqueados e perceber pessoalmente eventuais erros aplicados em lojas.
A sede por inovação fez uma simples convenção virar um produto. “Quando você é franqueador, você precisa encantar o seu franqueado. Há redes que punem franqueados que não vão a uma convenção. Nós resolvemos proporcionar algo novo: contratamos o diretor artístico do Cirque du Soleil para fazer uma convenção e acabou virando um show”, disse.
O evento, batizado Chilli Mob Cruise, virou um produto com um cruzeiro que tem três dias de musica, moda e arte em sua programação. A ação reúne 2 mil pessoas da Chilli Beans e 3 mil clientes e patrocinadores. A ação gerou uma enorme audiência e engajamento para a marca em 2019.
Por fim, Caito Maia abordou a velocidade de criação da marca e necessidade de contar histórias para vender produtos. As coleções mudam rapidamente e reúnem elementos que encantam fãs, como um disco voador desenhado pela cantora Rita Lee, design de fones de ouvido na série dedicada ao DJ Alok ou modelos com as cores das casas, pulseiras com logos dos protetores dos jogadores de Quadribol, e o Pomo de Ouro em alusão a Harry Potter.
A entrada constante de novas coleções faz a marca trabalhar de forma diferente com os estoques. “Trabalhamos com estoque curto. A gente aprendeu a girar esse produto. A ideia é que a cada duas semanas a gente tenha uma loja nova”, explicou.
Foto: StudioLopes