Em um de seus artigos, Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral do Grupo GS& Gouvêa de Souza, citou que “o que acontece no varejo da China, não fica na China”. E isso é fato. O país se tornou a maior economia do mundo no critério PPP ou, do inglês, Paridade de Poder de Compra e está previsto que se torne a maior economia do mundo antes de 2030, sob qualquer critério.
Durante a live de hoje, promovida pela Mercado & Consumo em parceria com a Gouvêa de Souza, os especialistas no assunto, Claudia Trevisan, pesquisadora de Política Internacional na Johns Hopkins University; In Hsieh, cofundador da Chinnovation e Kevin Peng, secretário-geral da China Chain Store & Franchise Association compartilharam suas visões e insights sobre o país. Veja a seguir:
– Segmentos menos digitalizados sofreram mais na China mostrando a importância da curva de aprendizagem já que a transformação de cultura requer amadurecimento;
– Importante as empresas considerarem estágios para a retomada – com estratégias em etapas diferentes onde em um primeiro momento o maior desafio é atrair clientes que podem estar mais arredios. Os setores não voltam na mesma velocidade. Para cada um há diferentes estratégias. No início, as medidas são mais restritivas para convivência e quantidades de pessoas, o que faz com que a inovação seja um requerimento da retomada;
– O principal foco entre a disputa por supremacia EUA/China é tecnológico e espelhado na implantação do 5G e, particularmente, nas restrições à empresa Huawei, porém os Estados Unidos têm o domínio da comercialização de chips na China, com 50% do mercado, o que acirra o confronto e pode asfixiar a empresa. Segundo ela, o Brasil é palco da disputa na questão 5G e em especial para restrição de equipamento da Huawei. Como a competição é restrita (Nokia e Erikson) se a Huawei não atuar no Brasil, o contexto pode não ser vantajoso para consumidores e operadoras;
– Um dos grandes aprendizados para o Brasil são os ecossistemas de tecnologia que têm um núcleo original (ex. marketplaces ) que transformam-se em conexões de negócios em grandes grupos (ex. Alibaba, Tencent). Ao fazer login, o cliente é identificado e o patrimônio comum entre as empresas são os dados dos clientes. Estas empresas compartilharam soluções (ex. equipes compartilhadas dentro do ecossistema) permitindo velocidade e facilidade de execução;
– Em termos de tendências observa-se na China algumas mudanças. Evolução de um modelo de “atacarejo” – compras de alimentos em grupos por meios do Wechat, mudança de atitude em relação a alimentação com crescimento de produtos saudáveis e categorias que expressam novos estilos de vida, com queda de vestuário, aumento de produtos para casa onde as pessoas passam mais tempo. A adesão ao online tende a perdurar e aumentar. Aquisições serão acirradas e shoppings tendem a se transformar com mais intensidade. Alguns hábitos da quarentena perduram na saída.
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