A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) apresentou os números do setor no primeiro semestre de 2020, as ações em andamento e as expectativas para o final do ano.
Fernando Valente Pimentel, presidente da entidade, destacou que o auxílio emergencial tem sido determinante para evolução dos resultados do comércio, mas sinalizou que não podemos tratar como dada esta recuperação, uma vez que não se sabe como vai ser o cenário quando houver o encerramento da medida, bem como da evolução da própria pandemia.
“Vivemos um momento desafiador para o setor têxtil e de confecção. As atividades caíram muito, mas entramos em um patamar de menor queda com sinais de retomada gradual. Esperamos ter notícias mais positivas em relação a pandemia, para termos um natal com vendas um pouco abaixo de 2019 e com maior utilização da capacidade instalada.”, afirma.
A indústria têxtil e de confecção sofreu redução de 22% em sua produção no primeiro semestre de 2020, em relação ao de 2019. As importações recuaram 23,75% e as exportações, 8,44%. Perderam-se, nos primeiros seis meses, 70,9 mil postos de trabalho, ante saldo positivo de contratações de 12,39 mil trabalhadores, em igual período do ano passado.
Para este ano, a estimativa é de queda acumulada de 19,5% na produção e 19% nas vendas internas, com a perda de 79 mil empregos. Enquanto para 2021, a expectativa do setor têxtil e de confecção, ainda com grandes incertezas, é de uma retomada com perspectivas de que produção cresça 8,1%, as vendas, 6,8%, as importações, 5,2%, e as exportações, 6,25%. “Relevante é a possibilidade de virmos a criar de 17 mil vagas de empregos formais, caso as projeções de crescimento se materializem”, salientou Pimentel
Medidas mais urgentes para mitigar os impactos da crise
O presidente da Abit também mencionou algumas medidas mais urgentes para o enfrentamento da crise, tais como: redução dos juros reais para os tomadores de empréstimo e mais acesso ao crédito; pagamento da energia elétrica sobre consumo e não sobre demanda contratada; manutenção de IOF zero para as operações de crédito; extensão do pagamento de auxilio emergencial de renda; eventual prorrogação das regras de flexibilização da jornada de trabalho; e o Programa de Recuperação Extraordinária de Dívidas Tributárias com a União (PREX-Brasil) para mitigar os efeitos da pandemia e ajudar na retomada econômica.
“Também são relevantes o andamento das reformas estruturais, como a tributária e administrativa, e a aprovação da nova Lei do Gás visando à redução do custo sistêmico da produção no Brasil, que é R$ 1,5 trilhão maior em relação à média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), conforme estudo do Movimento Brasil Competitivo do qual a Abit participou”, ponderou Pimentel.
Quanto à reforma tributária, de modo resumido, é fundamental que simplifique o sistema, seja indutora do crescimento econômico desonerando investimentos e exportações, que mitigue a guerra fiscal entre os estados e que estabeleça mais equilíbrio entre as fontes pagadoras. “Hoje, dentre os setores, o que tem carga maior de impostos é a indústria. É preciso distribuir melhor este ônus”, avaliou o dirigente da Abit.
Datas comerciais
Pimentel explicou que o Natal representa cerca de dois meses do faturamento setorial. Já em novembro, em função da antecipação do 13º salário, observa-se aumento na faixa de 15% a 25% nas vendas.
Por outro lado, o segundo ano da Semana do Brasil, que acontecerá entre 3 e 13 de setembro, deverá ser importante para estimular o comércio e, na medida em que se fortaleça, certamente poderá ser uma data relevante para comercialização dos produtos têxteis e confeccionados, uma vez que é realizada pós-Dia dos Pais e antes do Dia das Crianças.
Este ano, considerando a crise da Covid-19, o evento poderá ajudar na recuperação das atividades econômicas. “Será importante que se realize com todo o cuidado, respeitando-se os protocolos de prevenção ao novo coronavírus. O e-commerce continuará tendo relevância na Semana do Brasil, na qual a Abit está engajada e que deve ser estimulada e aprimorada cada vez mais”, enfatizou Pimentel.
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