Tem mais um artigo do diretor-geral da GS&MD Gouvêa de Souza, Marcos Gouvêa de Souza, no portal da Revista Exame.com. Aqui, ele faz uma análise sobre a geração dos consumidores nascidos entre 1980 e 1999, conhecida como a “Geração Y” ou, os millenials:
Nos Estados Unidos eles são 80 milhões, representam um quarto de toda a população, com um poder de compra equivalente a US$ 200 bilhões. Essa geração se tornou a mais estudada, quando comparada com todas as anteriores, pois seu comportamento, atitudes e preferências vão determinar o novo desenho do consumo e do mercado.
Os millenials, também conhecidos como “Geração Y”, incluem todos os nascidos no período de 1980 a 1999 e, portanto, têm hoje entre 16 e 35 anos e, na sequência do comportamento característico das gerações, sucedem a geração X e serão seguidos pela geração Z.
Esse grupo tem comportamentos bem definidos, onde alguns aspectos se destacam, especialmente os de serem a primeira geração tipicamente “multitarefa” (assim entendida a capacidade particular de se dedicarem a várias atividades ao mesmo tempo, usualmente envolvendo também várias telas de seus diferentes equipamentos).
Eles conseguem estudar, ouvir música, teclar seus smartphones e, ao mesmo tempo, folhear revistas ou ter a televisão ligada, lançando um olhar de vez em quando, acompanhando o que acontece.
Porém, sua fonte primária de conexão entre eles e o resto do mundo se faz prioritariamente pelos celulares e, cada vez mais, através dos smartphones, razão pela qual as empresas, marcas, produtos e lojas que não ofereçam a opção de sites especialmente desenvolvidos para as pequenas telas são cada vez mais discriminadas.
Um estudo recente da Forbes, nos EUA, mostrou que mais da metade deles baixou um aplicativo de compras via mobile e é crescente a preferência pelo uso dessa alternativa, já superando o uso do desktop.
Eles se bastam
Um dos aspectos mais marcantes do comportamento emergente dessa geração é o profundo vínculo que criam entre si, em grande parte pela troca constante, e quase angustiante, de mensagens em busca de permanente conexão e alinhamento com os valores, atitudes e preferências de seus grupos de referência.
Na hora da compra, a principal opinião é aquela que vem dos amigos que podem ser conectados via celular e com o produto alvo sendo fotografado para receber avaliação dos demais. Por essa razão, em provadores já podem ser encontradas alternativas que permitem fotografar e compartilhar o produto ou marca considerado para receber a avaliação dos demais.
Para eles, tão ou mais importante do que a mensagem oficial que recebem das companhas promocionais ou publicitárias, é o endosso de um outro millenial, para quem está sempre atento ao o que é avaliado e por quem, para ajudar em sua decisão – é o que realmente pode definir sua preferência.
Para eles, produto, marca ou loja que não abrem espaço para a manifestação aberta de seus consumidores, merecem cautela em sua consideração, pois isso é parte importante na formação de seu mapa perceptual.
Os millenials e a omniera
Os millenials formam a essência do comportamento dos consumidores emergentes no contexto da “omniera”. Ao mesmo tempo que formam um núcleo mais multicanal em seus hábitos de consumo, eles são estudados, monitorados, pesquisados, avaliados por todo o arsenal disponível para conhecer seus hábitos, preferências e opções que possam ser usados para antecipar comportamentos, melhorando a experiência de compra e, ao mesmo tempo, buscando também aumentar os resultados das empresas.
Ao menos é isso que se imagina que irá acontecer, pois, no momento atual, de briga aberta em todos os mercados pela conquista desses consumidores e seu poder aquisitivo, o que se tem visto é muita venda e receita e muito pouco resultado. A Amazon que o diga, assim como muitos players do segmento digital também no Brasil.
Como o mais digital e conectado consumidor, os millenials desenham o futuro do mercado, do consumo e do varejo e criam a mais desafiadora perspectiva no redesenho das lojas, buscando conciliar experiência, serviços, relacionamento, orientação e interação, integrando diferentes canais de vendas dentro do ponto de venda físico.
A loja que vai emergir desse cenário terá o desafio de satisfazer os millenials, consumidores cada vez mais satisfeitos, empoderados com seus celulares multiconectados em constante atualização, avaliando o valor percebido em tempo real e, permanentemente, comparando opiniões e informações que possam assegurar sua mais ampla satisfação.
Isso deverá significar, na maioria das vezes, vendas com pressão de margem, pois a conexão permanente endereça compras para serem feitas onde os preços são menores e a satisfação maior.
Eis o enigma maior que os millenials estão gerando: “decifra-me ou te devoro”.
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