Num mundo muito mais conectado e de transações remotas, a indústria de meios de pagamento está se reinventando para se adequar não apenas às consequências da pandemia de Covid-19, mas também às novas plataformas que estão surgindo, com o PIX, desenvolvido pelo Banco Central.
A revolução dos meios de pagamento foi destaque de um debate sobre finanças realizado no segundo dia do Global Retail Show 2020.
“O cartão sempre teve de se desafiar muito para encontrar a razão de ser de acordo com a necessidade dos clientes”, disse o presidente da Mastercard Brasil, João Pedro Paro Neto.
Para ele, não é diferente agora. “A maneira de consumir mudou e a indústria de pagamentos está evoluindo para garantir confiabilidade nas transações num mundo mais remoto e conectado.”
75% já fizeram transações no mundo digital
Durante a apresentação, ele mostrou números de uma pesquisa da Mastercard que apontam que, atualmente, mais de 50% das transações são feitas sem que o cartão precise estar presente – antes da pandemia, eram pouco mais de 30%.
Segundo a mesma pesquisa, 75% das pessoas já fizeram transações no mundo digital e 61% já testaram o pagamento por aproximação. “Além disso, 56% mudaram o comportamento de pagamento por causa da pandemia e 50% concordam que novas tecnologias foram mais usadas”, pontua João Pedro Paro Neto.
O estudo da Mastercard também mostra o que os consumidores esperam para a próxima década. Cerca de 55% acreditam que as transações financeiras serão feitas em tempo real; 42% acham que as lojas não vão mais aceitar dinheiro; e 27% acreditam que os pagamentos serão feitos por meio de assistentes virtuais.
Acesso a público que não tem conta em banco
Outro participante do debate virtual foi o CEO do Banco Carrefour, Carlos Mauad. A marca, criada em 1989 como administradora, se transformou em banco em 2007. “Somos uma plataforma tecnológica com serviços financeiros associados a um grande ecossistema de varejo. Por causa disso, temos a possibilidade de pilotar o pagamento de contas nas lojas do Carrefour e do Atacadão, ou seja, estamos nas duas pontas.”
Atualmente, existem mais de 8 milhões de cartões Carrefour aptos para uso. Muitos dos clientes são pessoas que não têm acesso ao crédito nos bancos tradicionais. Público que também deve ser beneficiado pelo PIX, o sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central e que entra em vigor em novembro.
Saque de dinheiro no caixa das lojas
Carlos Eduardo Brandt, chefe-adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do BC, deu detalhes do PIX durante o debate. Ele destacou as vantagens do novo sistema para os varejistas, que poderão, por exemplo, dar aos clientes a possibilidade de sacar dinheiro no caixa.
Brandt destacou, ainda, que a plataforma vai trazer agilidade e economia. “Hoje, quando um cliente faz uma compra com boleto no e-commerce, o varejista precisa separar o produto, aguardar a confirmação do pagamento, dar baixa no estoque e fazer o envio, se a transação for aprovada. Se não for, o produto é levado de volta ao estoque, e existe um custo nessa gestão. Esse custo será eliminado com o PIX”.
O chefe-adjunto do Banco Central lembrou que, apesar de a plataforma representar um gasto para os varejistas, ele será baixo, da ordem de R$ 0,01 centavo a cada dez transações realizadas. Mais de 900 instituições já se prontificaram a oferecer o PIX como meio de pagamento.
Outro participante do painel foi o presidente da Senff, Leopoldo Senff. A empresa, que tem quase 130 anos de tradição no varejo, oferece cartões private label desde 2000. Ele destacou que, entre os diferenciais, está a oferta desse tipo de cartão para lojistas de todos os portes. “Também oferecemos contas digitais e seguros.”