A Índia é um país com muita tecnologia e inovação. Segundo Ken Nisch, chairman da JGA, olhar para este mercado é importante para os negócios no mundo inteiro. Ele citou, durante sua participação no Global Retail Show, o exemplo do e-commerce, que cresceu de maneira muito rápida e impactou diretamente as empresas indianas que não estavam preparara para essa experiência de compra digital.
A Índia e o Brasil têm uma história muito interessante e questões geográficas muito parecidas. Aproximadamente 50% do PIB da índia é baseado em exportações, no Brasil esse número é de 25%. A índia se foca primariamente nas exportações de itens acabados como minerais, produtos químicos, farmacêuticos. O Brasil trabalha mais com commodities, como açúcar, petróleo e coisas do gênero.
Ken explicou que apenas 20% do varejo indiano é considerado organizado – e organizado é um termo interessante – e os outros 80% do mercado permanece desorganizado no que diz respeito ao varejo tradicional. “A questão da evolução do varejo é que diferencia a Índia no Brasil”, disse.
O executivo contou que o comércio eletrônico tem crescido muito na Índia e isso alterou significativamente o mercado. Enquanto em muitos países as vendas no digital cresceram, tirando os consumidores das lojas, na Índia isso não aconteceu. As vendas no online e no offline se complementaram e prosperaram juntas, não esvaziando as operações físicas”, explicou, ao citar que a pandemia alterou alguns aspectos e acelerou algumas tendências.
Vishal Kapoor, chief Design Officer do Future Group India diz enxergar um ponto positivo e uma luz o fim do túnel com as pessoas repensando novas formas de atuar nos negócios. Segundo ele, antes da pandemia, o varejo indiano estava em um ponto confortável, com tudo muito bem precificado e as noções de valor quase sempre voltadas para o preço. “Apesar do problema econômico que atinge o mundo como um todo, iremos conseguir superar essa fase. Daqui nove ou dez meses teremos uma resposta positiva nos negócios”, acredita.
O executivo da Future Group Índia espera que em seis meses será possível voltar ao cenário normal, principalmente porque a Índia é país empreendedor e com empreendedores dependentes de si mesmos e não do governo.
Força do varejo indiano
O varejo como um todo corresponde a 10% do PIB indiano e o crescimento do setor apresentava crescimento importante no arejo físico e digital antes da pandemia. Existem muitos varejistas organizados, mas Kapoor indica que o mercado pode aprender muito com os semi-organizados. Varejistas menores e semi-organizados conseguem penetrar em regiões que os grandes players não conseguem entrar. E a tecnologia beneficia a inclusão desta parcela de varejistas no mercado. “Alguns varejistas menores estão fazendo entregas com mais precisão que a Amazon, tudo porque é possível conhecer ainda mais o seu consumidor atuando em nichos reduzidos”, disse.
Cultura de trabalho
A Mahindra é uma empresa de 75 anos, com uma mentalidade conservadora. E o trabalho de Nikunj Jain, gerente de Inovação, é fazer a gestão da inovação para a empresa. Ele conta que toda a ideia de trabalho remoto era inexistente. “Estamos em uma indústria que é puramente física. Então, quando tivemos que entrar na era digital, foi um choque. Interna e externamente. Repensamos nossas relações com
fornecedores, com inovação, com gestão e treinamento. Mudou bastante”.
Meu papel é olhar para a inovação e colaborar com a alteração do mindset das pessoas para sairmos da nossa zona de conforto. A pandemia tem sido um grande impulsionador para tirar as pessoas da zona de conforto delas, pois a mudança de comportamento foi expressiva no mundo inteiro. Para ele, a missão de inovar uma empresa que atua da mesma forma há anos é outro desafio para o momento. “É um desafio dentro de outro desafio”, lembrou.
Nikunj Jain reforçou que o mais importante é entender como resolver problemas e a forma como a Índia e o Brasil pensam é muito semelhante, portanto, existe muita sinergia na maneira como as questões são solucionadas.
Mercado familiar
A Índia é um mercado gerido por famílias. Ter o nome da família fixado à empresa influencia o lado dos negócios é um facilitador em muitos aspectos, assim como ter seu nome bem cotado no governo para conseguir melhores taxas. É uma espécie de associação adicional. “A reputação da família assim com a associação daquilo que a família faz é extremamente válido no mercado indiano. O cuidado que que eles têm e a confiança é sem precedente, por isso o aspecto familiar traz muitas vantagens” disse.
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