O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) atingiu, em setembro, 64,2 pontos, segundo a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O resultado representa uma alta de 4,7% na comparação com agosto, que foi o pior mês da crise causada pela pandemia.
O ICF é apurado mensalmente com dados coletados com aproximadamente 2,1 mil pessoas no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta as condições econômicas atuais e as expectativas quanto à situação econômica futura.
Para a FecomercioSP, o resultado de setembro, apesar de positivo, deve ser analisado com cuidado e sem gerar otimismo. Apesar de cinco dos sete itens terem crescido em relação a agosto, todos ainda estão na área de insatisfação, abaixo dos 100 pontos.
Em relação a setembro de 2019, o ICF registra forte retração, de 33,1%. Naquele mês, o indicador estava nos 96 pontos.
Otimismo com relação a emprego
Um dos destaques da pesquisa é o item Perspectiva Profissional, que apontou alta de 13,5% e atinge os 74,1 pontos. Com a reabertura da economia, os negócios voltam a se recompor, criando oportunidades de emprego, o que gera uma redução do pessimismo em relação ao mercado de trabalho.
Além da questão do emprego, a intenção de consumir é afetada ainda pela injeção do auxílio emergencial, sobretudo para as famílias de baixa renda, e pela ampliação do horário de atendimento do comércio e serviços, além de mais acesso ao crédito. O item Nível de Consumo Atual avançou 8,9%, a variação do item Perspectiva de Consumo foi de 7,3%, enquanto o item Acesso a Crédito teve a mais alta avaliação no mês, com 82,6 pontos.
Aumento, também, da confiança
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) corrobora o resultado do ICF. Em setembro, houve aumento de 5,6% ao passar de 102,6 pontos em agosto para os 108,4 pontos de setembro.
O índice de endividamento mostrou aumento no período, passando de 56,4% em agosto para 58,5% em setembro. Essa elevação mostra que as famílias estão voltando aos poucos ao consumo, enquanto os bancos estão liberando mais crédito para as pessoas, conforme mostram os números de concessão de crédito do Banco Central nos últimos meses.
Com relação à inadimplência, apesar de ter tido uma ligeira alta de 17,2% em agosto para os 18,1% de setembro, ela está abaixo dos 21,8%, um quadro positivo diante da magnitude da crise. Aos poucos, o aumento do endividamento mostra que as pessoas estão perdendo o medo de contrair dívidas e, ao mesmo tempo, estão conseguindo arcar com os compromissos financeiros.
Empresário deve evitar otimismo exagerado
Ainda que os números apontem um cenário menos desfavorável, a FecomercioSP recomenda ao empresário que fique atento para não haver um otimismo exagerado com a retomada. O momento, para a federação, é de realismo: a recuperação será lenta, gradual e bastante desafiadora.
A federação diz, ainda, que o estoque deve ser monitorado a todo instante e o empresário não deve exagerar nas compras. Precisa, também, observar as novas opções de pagamento que vêm sendo oferecidas, como o PIX, que tende a reduzir a necessidade de circulação de moeda em espécie, orometendo revolucionar o sistema de pagamentos com o aumento de transações digitais.
Para a FecomercioSP, o empresário deve aproveitar o momento de injeção do auxílio emergencial, mesmo com valor reduzido e previsão de término em dezembro. Após esse período, o cenário de desemprego elevado aparecerá de forma mais evidente e, com isso, a limitação de consumo das famílias tende a crescer, analisa a federação.
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