Apostando no aumento do consumo por indulgência – baseado na ideia do “eu mereço” – em época de pandemia, marcas de alimentos premium estão investindo cada vez mais nas compras feitas pela internet e na entrega de produtos em embalagens diferenciadas para encantar os clientes.
As vendas dos sorvetes premium Häagen-Dazs vêm crescendo desde março, segundo Priscila Pizano, diretora de marketing da General Mills (multinacional norte-americana proprietária, também, da Yoki). “A marca sempre teve essa característica da indulgência e, como as pessoas passaram a gastar menos com alimentação fora do lar, elas ‘se permitiram’ consumir mais esses produtos”, afirma.
A marca, que lançou recentemente uma linha de picolés para venda nos supermercadso, sempre teve mais força nos sorvetes de pote, o que também pesou a favor numa época em que as pessoas estão se alimentando principalmente dentro de casa.
O e-commerce, antes totalmente restrito às redes varejistas que comercializavam a marca e tinham canal digital, foi ampliado com a entrada da Häagen-Dazs em super aplicativos como Rappi e iFood. “Ainda fazemos a entrega por meio dos nossos parceiros, mas a comunicação da marca com o cliente mudou”, explica. Nesse sentido, o trabalho nas redes sociais também foi intensificado, por meio de parcerias com influenciadores digitais e oferta de conteúdo sobre gastronomia.
Outra marca que se diferenciou para chegar na casa do cliente foi a Chocolat du Jour, de chocolates premium. Obrigada a fechar as lojas semanas antes da Páscoa, a data mais importante do ano para a empresa, provocou um susto inicial, mas, depois, deu vazão a novas ideias. “Já tínhamos um e-commerce bastante funcional e trabalhamos muito para ampliar a nossa força de atendimento pelo telefone e Whatsapp”, afirma Manoel Landmann, diretor da Chocolat du Jour.
A empresa também criou a Chocobag, uma embalagem com mensagens que transmitem alegria e esperança aos clientes. Segundo a empresa, nos meses seguintes à Páscoa, as vendas online ou por telefone surpreenderam. “Mesmo antes da abertura das lojas, nossas vendas já eram maiores do que no mesmo período de 2019”, diz o executivo.
Para Priscila Pizano, da Häagen-Dazs, as vendas devem permanecer em alta nos próximos meses. “O consumidor ainda não sabe como será a vida dele, mas a valorização do lar é algo que as pessoas querem incorporar às suas vidas”, acredita.
A sócia-fundadora da consultoria Gouvêa Foodservice, Cristina Souza, concorda que o consumo por indulgência tem sido uma das características dos últimos meses de pandemia. Ela destaca que marcas como a própria Häagen-Dazs e a Bacio di Latte se fortaceleram ao investir em embalagens capazes de manter a temperatura dos sorvetes por mais tempo.
O fato de serem marcas premium também ajuda. “Quando se pensa nas pessoas de maior poder aquisitivo, o fato de elas estarem em casa e deixarem de gastar com almoços ou jantares em bares e restaurantes, que são mais caros, faz com que elas tenham mais recursos para produtos como bons vinhos e chocolates”, exemplifica.
Para ela, no entanto, é difícil dizer, neste momento, se esse comportamento é sustentável no longo prazo. “Todos os consumidores estão passando por muitas mudanças de comportamento em pequenos espaços de tempo. Algumas, por exemplo, já estão mais preocupadas com o corpo e o bem-estar.”
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