Uma praça com mesas de trabalho de ferro, bancos de descanso com tomada para carregar o celular e parquinho para crianças, rodeada por cafés, lanchonetes e restaurantes, tudo os sob ipês amarelos típicos de Brasília. Assim é o espaço de conveniência e mobilidade instalado no Aeroporto Internacional de Brasília, que tem vias exclusivas para carros chamados por aplicativo e para vans de locadoras e que, nos próximos meses, vai passar a abrigar marcas multinacionais como Starbucks e Dunkin’.
O projeto da Praça Pick Up surgiu de um problema, admite Ian Joels, diretor-comercial e de novos negócios da Inframerica, que administra o aeroporto. Com a popularização de aplicativos como Uber e 99, o fluxo de automóveis aumentou, assim como os transtornos gerados por veículos parados, muitas vezes em fila dupla, nas áreas de embarque e desembarque.
“O trânsito começou a ficar muito complicado. Começamos a mapear a área e vimos que os responsáveis por isso eram não só os automóveis, mas também as vans das locadoras e os ônibus de turismo”, conta Joels. A primeira etapa foi criar vias exclusivas para esses veículos, numa setorização que também teve por objetivo melhorar a experiência do usuário, que passou a encontrar o que precisa mais facilmente.
De 200 para 70 segundos
O planejamento foi minucioso. Com base nos resultados dos estudos feitos para o projeto, a Inframerica criou vagas maiores para os carros pedidos por aplicativos. “Uma vaga normal tem 5 metros de comprimento, o que faz com o que o tempo de pick up seja de 200 segundos por causa da necessidade de o motorista manobrar o veículo. Aumentamos o tamanho para 8,5 metros e o tempo caiu para 70 segundos.”
A empresa também fez uma parceria com o Grupo Guanabara, um dos maiores conglomerados de transporte de passageiros do Brasil, para a oferta de rotas de ônibus interestaduais para 15 cidades.
“Nosso objetivo foi oferecer a mobilidade como um serviço, e não como um bem. A Uber ‘comprou’ nosso projeto desde o início e nos ajudou a desenha-lo. O mesmo ocorreu com a [locadora de veículos] Unidas. A ideia foi, também, tentar prever como serão os próximos anos”, conta Joels.
1ª Starbucks no Centro-Oeste
A Praça Pick Up está localizada em frente à área de desembarque e da escada que dá acesso à de embarque. Quem usa o estacionamento do aeroporto também precisa, necessariamente, passar por lá – até porque é na praça que ficam os caixas e terminais automáticos de pagamento. Diante da estimativa de circulação de 3,5 mil pessoas por dia no espaço, outras oportunidades comerciais surgiram.
É lá que a rede americana de cafés Starbucks vai montar sua primeira unidade na região Centro-Oeste do País. A inauguração está prevista para o fim deste mês. A Dunkin’, que estava presente dentro do aeroporto, também terá uma unidade nova na praça a partir de fevereiro. Um grande bar, com cerca de 300 metros quadrados, também deve ser aberto em maio do ano que vem.
O local oferece, também, a oportunidade de pessoas que não conhecem a capital do País – porque só trafegam pelo aeroporto a negócios – tenham experiências que só os moradores da cidade costumam ter.
“Colocamos operações que são ‘queridas’ de Brasília, como a Pizzaria Dom Bosco, que tem 60 anos de história, o cachorro-quente da Igrejinha, superfamoso na cidade, e o hambúrguer da Parrilla. É como se fosse um cantinho de Brasília, com marcas que quem mora na cidade vai conhecer e quem não é pode ter a primeira oportunidade de experimentar. É uma vitrine para essas marcas.” E não é uma vitrine pequena: o Aeroporto de Brasília é o terceiro maior do País e recebe, por ano, cerca de 18 milhões de passageiros.
Diversificação de modelos
Para Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls, a Praça Pick Up é um hub que que mistura conveniência com um espaço agradável. “Temos visto movimentos interessantes de diversificação de modelos comerciais. Antigamente, havia apenas duas opções muito claras, que eram os shopping centers ou as ruas. Hoje, temos os strip malls e os terminais de ônibus e metrô também fazendo esse papel. Mas, até agora, os aeroportos vinham sendo explorados apenas na parte de dentro, e não na externa.”
O especialista destaca ainda que, no caso de Brasília, o aeroporto está localizado relativamente perto da cidade. Assim, a praça pode servir não só aos passageiros, mas também aos moradores da capital do País. “O projeto mostra que existem muitas possibilidade e formatos que vão passar a ser explorados de agora em diante, diversificando as oportunidades para os varejistas”, conclui.
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