Os brasileiros subestimam a China no curto prazo e superestimam a China no longo prazo. A afirmação é do professor de Economia e Finanças da Fundação Dom Cabral e da New York University Shanghai, Rodrigo Zeidan. Ele participou, nesta terça-feira (15), do webinar “Retail Trends – Admirável Mundo Novo”, em que falou sobre o tema “A retomada da China como maior economia do mundo e os impactos no varejo”.
Ele disse que, diferentemente do que muita gente pensa, a China não vai destruir as grandes economias mundiais, como os Estados Unidos. A verdade, diz o professor, é o que país asiático já é o centro do comércio no mundo – e assim deve continuar por anos a fio.
O professor destacou a dinâmica acelerada do país, que se transformou, nos últimos anos, como nenhum outro. “Em 2010, a cidade de Xangai tinha 10 linhas de metrô. Agora, são 18. Estou falando de linhas, não de estações. Toda vez que volto para Xangai, a cidade mudou, e normalmente para melhor”, comentou.
Ele citou dados que exemplificam a agilidade chinesa. Em 2017, a China ocupava a colocação de número 68 no ranking de países que proporcionam maior facilidade de negócios. Em 2020, esta na posição 31. Como comparação, o Brasil piorou: saiu do 123º para o 124ª lugar no mesmo período. A China recebe US$ 130 bilhões e investimento estrangeiro por ano; o Brasil, US$ 75 bilhões.
Mesmo a pandemia de Covid-19, que surgiu justamente na China, não chegou a afetar tanto assim a economia daquele país. O professor de Economia e Finanças da Fundação Dom Cabral e da New York University Shanghai diz que o comércio online cresceu muito. “Não faz mais sentido comprar em lojas de rua. É possível fazer compras no supermercado e receber em duas horas”, diz.
Nesse sentido, ajuda o fato de a China ter a tecnologia de meios de pagamento mais avançada do mundo, em que cartões e bancos são considerados “ultrapassados”. As compras sem dinheiro e sem contato já fazem parte do dia a dia.
O varejo de luxo também teve crescimento expressivo neste 2020 turbulento. As tarifas de importação são elevadas e muita gente ia para Paris fazer compras. Com as viagens proibidas, as compras foram feitas no mercado interno.
Imagem: Bigstock