Atualmente, vivemos na era da informação, na qual a maior vantagem competitiva que uma empresa pode ter é a quantidade de dados que esta possui sobre os seus clientes e mercados. Tanto que o empreendedor Clive Humby declarou que “data is the new oil”. Se dados são o novo petróleo, então podemos pensar que as iniciativas de open finance promovidas pelo Banco Central são como uma expansão das reservas de petróleo do mercado brasileiro.
O projeto do open finance tem como objetivo tornar o consumidor o centro da infraestrutura do sistema financeiro a partir das APIs (Application Programming Interfaces) e, assim, implementar um ecossistema financeiro digital. Essa tecnologia permitirá aos usuários compartilhar os seus dados financeiros com quaisquer empresas que desejarem, a partir dos quais todos os setores da economia poderão desenvolver novos produtos e serviços para os seus clientes, principalmente o setor varejista.
Essas informações permitirão aos varejistas desenvolver opções de parcelamento e financiamentos customizados às condições financeiras dos seus clientes e, assim, reduzir o nível de inadimplência das suas operações. A partir disso, as empresas poderão diminuir os gastos com processos de recuperação de dívida e despesas com provisões de devedores. Consequentemente, haverá um aumento do investimento no desenvolvimento de novos produtos e serviços para os clientes.
A análise das transações dos clientes permitirá aos varejistas não só identificar quais produtos eles querem comprar, mas também o quanto eles estão dispostos a pagar para adquiri-los, o que possibilita às empresas aprimorar tanto a gestão de estoques, quanto as suas políticas de precificação. Além disso, essas informações poderão ser utilizadas para criar campanhas de marketing customizadas. Por exemplo: caso a empresa identificar que uma pessoa contratou um financiamento imobiliário, poderá enviar para ele propagandas sobre eletrodomésticos e móveis.
Além disso, as APIs do open finance também possibilitarão a desintermediação dos processos de pagamento, gerando uma economia de custos aos varejistas que podem se traduzir na redução de preços para os consumidores ou na expansão de suas lojas.
Em suma, o open finance traz uma série de oportunidades para o setor varejista. No entanto, a entrada neste ecossistema é um processo complexo que possui um conjunto de desafios tecnológicos que, se não forem endereçados de forma correta, poderão aumentar significativamente os custos desse projeto. Por isso, é necessário que os varejistas se utilizem das experiências e soluções de open finance disponíveis no mercado para não apenas economizar seus recursos, mas também ganhar uma vantagem competitiva frente aos concorrentes.
Rogério Melfi é consultor de Novas Plataformas da TecBan.