O Brasil precisa de lideranças fortes – e elas não vão surgir, necessariamente, nos partidos políticos. Elas virão de pessoas que se expõem e conseguem ter aceitação. A análise é do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e foi feita diante de uma plateia virtual de mais de 100 empresários – presidentes de algumas das maiores companhias de varejo e consumo do País.
Ele foi o convidado da primeira edição do evento “Quando os presidentes se encontram”, organizado pela Gouvea Ecosystem nesta quinta-feira (25). Na “plateia”, estavam Flávio Rocha, CEO da Riachuelo; Juliano Ohta, CEO da Telhanorte Tumelero; Ricardo Bomeny, CEO da BFFC (Brazil Fast Food Corp), holding que controla as marcas Bob’s, Yoggi e Doggis; Sebastian Dario Los, presidente da Cencosud Brasil; Sergio Zimerman, fundador da Petz; Antonio Carlos Piponzzi, presidente do Conselho de Administração da RaiaDrogasil; Artur Grynbaum, CEO do Grupo Boticário; e Stephane Engelhard, vice-presidente do Carrefour Brasil, entre outras lideranças.
“O bom líder não é quem fala, mas quem fala e ouve. E ouvir é difícil. Estamos precisando de lideranças no Brasil, de gente que se expõe e diz: ‘Eu acho que o caminho é esse, você vem comigo?’ Liderar não é mandar, é ter aceitação”, disse FHC.
Razão e sentimento
O ex-presidente fez uma explanação sobre o panorama atual do cenário político, econômico e social do Brasil. Para ele, o futuro do País passa pela mudança na postura dos líderes. Fernando Henrique Cardoso também considera que a paralisação geral decorrente da Covid-19 vai provocar uma “mudança acelerada na história”.
“A razão ajuda muito, é fundamental. Mas só ela não basta se não houver sentimento. O mais importante é saber fazer boas escolhas. Somente dessa forma é possível reerguer os negócios. Isso vai ser necessário nesse novo mundo que está se formando na pandemia”, afirmou.
Os CEOs aprofundaram o tema com perguntas dirigidas a FCH. Ao término do encontro, o sentimento de cooperação foi unânime entre os participantes, como resumiu Flávio Rocha, da Riachuelo. “Hoje tivemos a oportunidade ímpar de debater novas estratégias de mercado e, mais que isso, de entender a necessidade de trabalhar com unidade em prol de novos ideais no setor.”
Antonio Carlos Piponzzi, da RaiaDrogasil, destacou o “recado” dado pelo presidente no sentido de que é preciso levar as demandas aos governantes. “Se a gente quiser se movimentar, o espaço existe. Essa é a estratégia que usamos no IDV”, disse ele, integrante do conselho do Instituto para Desenvolvimento do Varejo.
Antes, na abertura do evento, Marcos Gouvêa de Souza, fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem, havia destacado que, mesmo diante de uma transformação, o setor de consumo e varejo não pode se acanhar e deve buscar inovações. “É inegável que vivemos tempos difíceis, mas quero motivá-los a buscar diariamente novas estratégias para potencializar os negócios e estreitar o relacionamento com os clientes. Só assim vamos superar os desafios”, disse.
A segunda edição do evento “Quando os presidentes se encontram” será realizada no dia 27 de abril e contará com a participação do ex-presidente Michel Temer. O evento é exclusivo para convidados.
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