Seis em cada dez empresas (63%) viram o faturamento diminuir do início da pandemia até agora. Segundo pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), 72% tiveram redução no volume de clientes em decorrência das restrições de circulação. A pesquisa foi feita com cerca de cem empresas no Estado entre os meses de abril e maio.
O estudo mostra, ainda, que até a chegada da pandemia ao Brasil, a maioria dos negócios em São Paulo vivia situação de estabilidade: 54% dos empresários tinham uma condição estável no faturamento antes da pandemia. para 31%, as condições eram boas e apenas 14% passavam por dificuldades até a chegada da pandemia.
Para a FecomercioSP, os dados expressam os prejuízos que a crise sanitária legou ao ambiente de negócios de São Paulo, que deixará desafios estruturais, como mudanças nas demandas e nas tendências de todos os setores. Para conseguir a retomada financeira, a entidade orienta que os empresários reduzam custos, reavaliem contratos, solicitem empréstimos para alavancar os negócios e aumentem o capital de giro, de forma a saldar antigas dívidas.
Falência acelerada
Uma outra pesquisa, da consultoria Serasa Experian, ajuda a entender a conjuntura do estudo da Fecomercio São Paulo. Ela mostra que, em apenas quatro meses, o Brasil já perdeu quase um terço (27%) de todas a micros e pequenas empresas que faliram ao longo de 2020. Foram 502 mil falências de negócios deste porte no ano passado. De janeiro e abril de 2021, 139 mil empresas já fecharam as portas.
A porcentagem é a mesma para as médias empresas: nos quatro primeiros meses deste ano, 34 mil decretaram falência – o que representa 27% em relação às 125 mil que deixaram de existir em todo o ano de 2020.
Já entre as grandes empresas, o Brasil perdeu até abril um quarto de todas aquelas que o País deixou de ter no ano passado. Foram 13 mil falências nos quatro primeiros meses do ano, depois de um 2020 com 63 mil registros.
No total, 325 mil empresas, entre todos os portes, fecharam as portas no País entre janeiro e abril deste ano. Considerando que, ao longo de 2020, foram 690 mil falências, o cenário é de um avanço acelerado de negócios sem condições de seguir funcionando: em quatro meses, o Brasil já perdeu quase a metade (47%) de todos os negócios que deixaram de existir no ano passado.
As micros e pequenas empresas estão sendo mais afetadas, já que, em cenário de crise, são as que encontram mais dificuldades financeiras, na capacidade de investimento e no acesso ao crédito formal. Mesmo com medidas do Poder Público para mitigar os impactos negativos, elas também têm menos condições de arcar com as perdas e com a queda nas demandas, segundo constata a Federação.
Essas empresas também lideram a lista de negócios que entraram em recuperação judicial: foram 166 mil entre janeiro e abril de 2021, o que representa 28% de todos os processos ocorridos em 2020 sobre micros e pequenas empresas (580 mil). Entre as médias, o número de falências nos quatro primeiros meses do ano é de 43 mil, enquanto entre as grandes é de 16 mil. No total, 225 mil negócios entraram em recuperação judicial no Brasil no começo deste ano – 2020 terminou com 921 mil empresas nesta situação.
Medidas ajudaram a mitigar falências
Os dados da pesquisa reforçam a percepção de que, apesar da crise econômica decorrente da pandemia de covid-19, as várias medidas adotadas pelo Poder Público ajudaram a evitar uma conjuntura ainda pior. Tanto é que, em 2019, o número de falências foi maior do que em 2020: 919 mil registros, ante 690 mil no ano passado, uma diferença de 229 mil negócios.
Entre as medidas que colaboraram para evitar um fechamento mais intenso das empresas estão a suspensão temporária da folha de pagamentos, a postergação do parcelamento de tributos e a aprovação do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), criado em meio à pandemia para ajudar justamente as micros e pequenas empresas na recuperação dos negócios.
Imagem: Reprodução