Que a tecnologia está por todos os lugares nós já sabemos, mas a gamificação também?
Sim! A gamificação veio junto com a tecnologia e cada vez mais ganha espaço na nossa rotina. Ela já está tão infiltrada que nem a percebemos.
O fato é que ela veio para ficar mostrando seu valor em atividades simples do dia a dia e deixando a vida mais divertida, mais leve e mais funcional.
A transformação digital está presente na comunicação dos grupos de família via WhatsApp e temos de admitir que não sabemos mais viver sem ela. Aí está uma inovação tecnológica que trouxe muitos benefícios, agilidade, graça e aproximação entre as pessoas. A tecnologia precisa caminhar lado a lado com as pessoas, melhorando a qualidade de vida e trazendo ganhos financeiros e de rotina.
Mas, afinal, o que significa gamificação? A gamificação alia conhecimento a diversão, baseando-se em objetivos, recompensas e níveis de habilidades. É uma prática que utiliza lógica, estrutura e design de jogos em contextos variados, como um treinamento ou uma sala de aula, visando sempre o aumento do engajamento dos jogadores.
E como conseguimos esse engajamento? A gamificação tem essa atração de aprender jogando. Tem coisa melhor? Esse fascínio pelo game e pelo desafio a ser alcançado move montanhas e traz muitos efeitos positivo, servindo como uma ferramenta motivacional.
Mas, se pensarmos no aprendizado, quais os ganhos de utilizarmos a gamificação? Embora os games nos remetam a brincadeiras, a gamificação precisa ser bem planejada. Precisamos ter clareza sobre quais os nossos objetivos e qual o nosso ponto de partida.
De acordo com James Paul Gee, os jogos apresentam características que auxiliam no desenvolvimento de habilidades dos jogadores “em um nível mais profundo, porém o desafio e a aprendizagem são em grande parte aquilo que torna os videogames motivadores e divertidos”. Segundo esse autor, alguns dos princípios de aprendizagem que os jogos desenvolvem são:
- Identidade:
Aprender alguma coisa em qualquer campo requer que o indivíduo assuma uma identidade, um compromisso de ver e valorizar o trabalho de tal campo. “Os jogadores se comprometem com o novo mundo virtual no qual vivem, aprendem e agem por meio de seu compromisso com sua nova identidade” (Gee, 2004). - Interação:
Nos jogos, nada acontece sem que o jogador tome decisões e aja. E o jogo, conforme as atitudes do jogador, oferece feedbacks e novos problemas. Em jogos online, os jogadores interagem entre si, planejando ações e estratégias, entre outras habilidades. - Produção:
Nos jogos, os jogadores produzem ações e redesenham as histórias, individualmente ou em grupo. - Riscos:
Os jogadores são encorajados a correr riscos, experimentar, explorar; se erram, podem voltar atrás e tentar novamente até acertar. - Problemas:
Os jogadores estão sempre enfrentando novos problemas e precisam estar prontos para desenvolver soluções que os elevem de nível nos jogos. - Desafio e consolidação:
Os jogos estimulam o desafio por meio de problematizações que “empurram” o jogador a aplicar o conhecimento atingido anteriormente.
Essas são algumas das possibilidades apresentadas nos games que propiciam o processo de aprendizagem de forma contextualizada, engajando os jogadores para interagirem com o meio, com a situação e com outros indivíduos.
A gamificação traz muitos benefícios para as empresas também. Ela está sendo muito utilizada na esfera comercial e em ações de marketing para promover aumento na interação com clientes.
A nossa convidada para este artigo é a Maria Eva Mit Lazarin, CEO da Benkyou, que vem contribuir com nos agraciando com toda a sua experiência e trazendo exemplos de como se dá a gamificação na era da transformação digital nas empresas.
“A gamificação traz muitos elementos de apoio ao aprendizado, não só porque incita à competitividade ou à sua própria superação, mas porque pode provocar trabalho em equipe, reter conhecimento com o lado lúdico e com o enredo ou história naturais do game. A fixação, a lógica e a criatividade andam de mão dadas nestes ambientes de aprendizagem.
Tirar o aprendizado de uma sequência maçante de vídeos e leituras infindáveis, de um modo passivo, e acrescentar interatividade, curiosidade e desafio enriquecem em muito o aprendizado e a retenção de quem estuda. A superação de uma fase, o prêmio ao vencer, a surpresa após atingir um objetivo, tudo traz novos estímulos.
A gamificação explode hoje em meio a tantas tecnologias que a democratizam, permitindo sua aplicação em quaisquer empresas. E se os seus métodos de engajamento e de integração ao conhecimento na sua empresa já não estão dando resultados, está na hora de talvez testar algo mais disruptivo.
Quando implementamos um game para uma empresa, podemos carregar no cenário sua história, seus elementos, seus símbolos, produtos, ambientes que remetem a sua jornada, seu momento, seus desafios, seus objetivos e até valores. Reproduzir ambientes que envolvem clientes ou produtos. Em cada jogo que lançamos, sempre observamos que o colaborador se reconhece nele, descobre curiosidades, desbrava ambientes e compartilha sua experiência com seus pares. E tudo isso da melhor forma possível: coletando dados! Eles fomentam gestores e o próprio colaborador no desenho de carreiras, de ajuste de processos, produtividade e inovação.
E não precisa ser um ambiente em que as pessoas precisam de um joystick ou outro acessório de jogo; bastam uma boa história e uma conexão com a realidade e o futuro da empresa. Em alguns de nossos projetos, os clientes nos pedem para retratar como a empresa será no futuro, como ela quer impactar, e levam seus colaboradores a compartilhar deste sonho juntos, outros a explorar suas próprias plantas, produtos ou retratar no game atendimento a clientes.”
Maria Eva Mit Lazarin, CEO da Benkyou
Como vimos, a gamificação deixa a vida mais leve e divertida, além de trazer benefícios reais para o crescimento do indivíduo no seu dia a dia e em atividades específicas que demandem superação.
Você viu a gamificação por aí? Estou certa de que sim!
Nota: Confira os episódios 1, 2 e 3 desta série clicando em “Transformação digital é moda ou veio para ficar?”, “Você já quebrou silos hoje?” e Transformação digital e ESG: juntos ou separados?
Patricia B. Bordignon Rodrigues é Diretora de Marketing e Canais Benkyou
Imagem: Envato/Arte/Mercado&Consumo