No final de abril desse ano o Grupo Soma surpreendeu a maioria do mercado ao vencer a concorrência da Arezzo e concluir acordo para incorporar a Hering, marca centenária do varejo de moda. O negócio foi fechado em R$ 5,1 bilhões, valor bem superior a proposta de R$ 3 bilhões propostos pela Arezzo. A transação foi anunciada em fato relevante publicado pela Soma.
O fechamento do negócio com a catarinense Hering coloca o Grupo Soma em um novo patamar entre os varejistas nacionais. A companhia, até aqui, se limitava à atuação no mercado premium. Porém, com a nova aquisição, vai para o segmento de massa, ganhando musculatura.
O volume e a relevância de uma aquisição tão importante para o varejo chamou a atenção para o Grupo que, até então, era desconhecido pela maioria do público.
Pelos próximos dias, a Mercado&Consumo reprisa entrevistas e reportagens que estiveram entre as mais lidas do ano de 2021 na plataforma. Confira a seguir:
O Grupo Soma teve origem na fusão da Animale e da Farm, ocorrida em 2010. O Soma já tinha certa musculatura no Brasil, eram 264 lojas ao fim de 2020 e mais de 5,3 mil funcionários País. Após realizar sua estreia na Bolsa, em julho de 2020, em operação que captou R$ 1 bilhão, o Grupo Soma focou em um plano de expansão e digitalização, sempre com foco em marcas premium
A composição acionária do Soma é pulverizada entre o presidente Roberto Jatahy (fundador da Animale) tem 16% e é o maior acionista. Todos os proprietários de negócios que foram adquiridos ao longo do caminho também mantiveram alguma participação: Cris Barros e Nati Vozza, por exemplo, têm hoje 1,56% e 0,87%, respectivamente. A fatia em negociação no mercado equivale a 37% do negócio. Com o acordo com a Hering, haverá nova diluição entre os acionistas principais.
Conhecida por suas aquisições, a companhia tem hoje nove marcas: Animale, Farm, Fábula, A. Brand, Foxton, Cris Barros, Off Premium, Maria Filó e ByNV – esta última adquirida após o IPO, por conta de sua forte presença digital. Nada, porém, que se compare ao negócio gigante, fechado em uma negociação de apenas três dias com a família Hering.
Segundo Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail, o Grupo Soma hoje é lucrativo porque a fusão das marcas Farm e Animale foi um processo que soube explorar as sinergias entre os dois negócios e harmonizar as culturas. “A Animale era maior que a Farm, com estrutura e gestão mais robustas. Mas a Farm tinha duas características interessantes: presença internacional, com colaborações com marcas estrangeiras e vendas nos Estados Unidos, além de uma operação digital mais forte.”
Entrada na moda popular
Com a aquisição da Hering, o Grupo Soma, que possui apenas marcas do segmento premium, entra em uma área na qual ainda não atuava: o de produtos que também conquistam o consumidor pelo preço. Além disso, a Soma terá de lidar com uma cultura que mistura varejo e indústria, uma vez que a Hering concentrava a maior parte de sua produção dentro de casa. A marca foi criada em 1880 e tem forte tradição fabril.
O presidente do Grupo Soma, Roberto Jatahy, disse ontem que o potencial de mercado do conglomerado saltou de R$ 30 bilhões para R$ 110 bilhões com a compra da Hering. “Isso mostra o novo potencial de crescimento que temos”, diz Jatahy. “A Hering traz aumento de mercado potencial e complementaridade de marcas.”
Outro trunfo do Soma na negociação com a Hering foi o reconhecimento do legado da empresa de 140 anos. Jatahy garante que a marca Hering seguirá com independência. “Temos a vantagem de ter um CEO que traz a marca no seu sobrenome. Thiago Hering segue com independência na gestão da marca”, afirma.
Esta reportagem foi publicada originalmente na Mercado&Consumo em 23 de agosto.
Com informações de Estadão Conteúdo:
Imagem: Divulgação