A CVC, maior operadora de turismo no País, passou por diferentes fases na pandemia. No início, houve quem duvidasse da própria sobrevivência da companhia e do setor como um todo. Porém, com a diminuição da intensidade das ondas de covid-19, os viajantes começaram a voltar a consumir, especialmente as viagens domésticas, trazendo certo alívio. Mas, no fim do ano passado, quando o otimismo retornava com o avanço da vacinação, a empresa enfrentou uma “tempestade perfeita”.
O início do quarto trimestre já havia começado conturbado. A empresa deixou de operar por praticamente duas semanas por causa de um ataque hacker. Solucionado o problema, as vendas retomaram, mas um problema ainda maior passou a aparecer no horizonte: a variante Ômicron fez os casos de infecções pelo novo coronavírus dispararem, algo que logo afetaria as vendas.
Para completar, o cancelamento de diversos cruzeiros, assim como a paralisação das operações da companhia aérea ITA, causaram prejuízos para os cofres da CVC.
“Somos os maiores representantes do setor, então de 20% a 25% do turismo passa por aqui. Logo, fomos bem atingidos por esses cancelamentos. Mas nossa visão é extremamente otimista, pois estamos muito mais perto do fim da pandemia”, afirma Leonel Andrade, presidente da CVC Corp.
O executivo se apoia na premissa de que, como o setor foi o mais afetado pela pandemia, será o mais beneficiado daqui em diante. Alguns números positivos começam a aparecer. Em dados divulgados em sua prévia operacional, a CVC teve crescimento de 64% em suas reservas confirmadas no quarto trimestre de 2021, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Mas também é possível olhar esses números com viés negativo: ele representa apenas 66% do total vendido de outubro a dezembro de 2019.
‘Mais eficiente e digital’
Mesmo com números ainda negativos, Andrade acredita que a CVC é uma empresa muito melhor hoje do que era antes da pandemia. “Minha preocupação, quando assumi em abril de 2020, era de fazer a empresa sobreviver. Agora, o nosso foco é transformar a CVC em uma companhia mais eficiente e digital”, diz o executivo.
Uma das investidas da empresa ocorreu na noite da quinta-feira. Depois de comprar a empresa norte-americana VHC, voltada para a gestão de locação de residências (modelo similar ao do Airbnb), a CVC decidiu investir na WeTrek, também nos Estados Unidos, que tem como principal negócio um aplicativo voltado com dicas de viagens para turistas independentes.
O aplicativo também ajudará a empresa a trazer mais serviços para o seu programa de fidelidade, que deve ser lançado no segundo semestre e é a principal aposta de Andrade para fortalecer o braço digital.
Segundo ele, a ideia é, além de benefícios com milhas e descontos, ter um serviço similar ao de empresas como Netflix e Spotify. “Queremos oferecer a viagem certa para o cliente antes de ele se dar conta, por meio de dados”, diz Andrade.
Desta maneira, a CVC quer convencer seus investidores de que pode voltar a ser uma boa opção para eles. Desde o início da pandemia, os papéis da empresa amargam uma desvalorização de 66%.
E, de acordo Guilherme Domingues, analista da Eleven Financial, as ações da CVC devem continuar sofrendo com uma alta volatilidade no curto prazo devido ao avanço da Ômicron. “Mas a empresa está bem reposicionada para uma retomada do turismo, o que pode impactar na valorização das suas ações”, diz Domingues.
Com informações de Estadão Conteúdo (André Jankavski)
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