“Todas as crises têm as suas dificuldades e oportunidades. Esse é o momento de olharmos para as oportunidades.” A afirmação é do empresário Abilio Diniz, que se classifica como um otimista nato. “Este é um ano de olhar para o espelho e não olhar para a janela. Olhar para o espelho e perguntar: o que nós vamos poder fazer pelos nossos negócios?”
Presidente do Conselho de Administração da Península Participações e membro dos Conselhos de Administração do Grupo Carrefour e do Carrefour Brasil, ele participou, nesta terça-feira (1º), do Interactive Retail Trends – Pós-NRF, promovido no Teatro Santander, em São Paulo, pela Gouvêa Experience, braço de eventos da Gouvêa Ecosystem. O evento resume os aprendizados da NRF 2022 e mostra as perspectivas do varejo brasileiro sob a ótica de executivos e especialistas do setor.
Com o tema “Repensando o cenário do presente e do futuro”, Abilio Diniz falou por cerca de uma hora sobre economia, varejo e eleições. Destacou que a nova variante da covid-19 ainda preocupa, mas ressaltou: “Isso tudo não está acontecendo só no Brasil, mas no mundo todo. Trabalho muito na França e nos Estados Unidos, e lá a quantidade de gente infectada pela Ômicron é enorme.”
O executivo destacou ainda que outras questões com as quais o País tem de lidar atualmente, o desemprego e a inflação, são igualmente globais. “A nossa inflação está acima de 10%, mas nos Estados Unidos está acima de 7%. Não podemos dizer que estamos bem, mas estamos próximos daquela que é considera a maior economia do mundo. A Europa, que passou dez anos com deflação, agora tem inflação de 5%”, exemplificou.
Subida da montanha
Para Abilio Diniz, o Brasil deve sair de dois anos de recessão para começar a “subir a montanha”. “Em 2020 caímos 4,1% e os EUA caíram 4,7%. Em 2021, a expectativa é que os EUA tenham crescido um pouco mais de 5% e nós, mais de 4%. É importante olharmos para esses números e vermos que nem tudo está ruim.”
Ele acredita que o PIB vai crescer neste ano, ainda que não de forma expressiva. Para o empresário, o fato de a taxa de desemprego ter caído da casa dos 14% para a dos 11% prova que o País está em recuperação. “O que nós mais precisamos no nosso país é crescimento, crescimento sustentável. Para obter esse crescimento, necessitamos de confiança. Quem for resiliente vai conseguir passar por esse ano, talvez até com crescimento.”
O ano eleitoral, admite Abilio Diniz, traz desafios extras. Mas também oportunidades. “Não vou apoiar candidato nenhum. Quero ficar independente para poder analisar os planos econômicos e poder levar, para os meus mais de 3 milhões de seguidores nas redes sociais, uma palavra sobre a perspectiva da economia para 2023 de acordo com o que candidatos e assessores econômicos estão colocando.”
O empresário também defendeu as privatizações. “É muito difícil fazer privatizações. Existe muito corporativismo. Mas hoje até os governos mais de esquerda pensam que precisamos privatizar muitas empresas no Brasil. O governo é um mau gestor.”
Imagem: Aiana Freitas