Empresas têm usado jogos de fuga, conhecidos como “escape games”, para treinar habilidades de seus funcionários e entrosar equipes.
Nesses jogos, que surgiram no Japão, os participantes têm um tempo determinado (geralmente em torno de uma hora) para conseguir sair de uma sala decorada com temas, inspiradas em histórias de detetive ou fantasmas, por exemplo. Para conseguir isso, eles devem desvendar enigmas e pistas escondidos no local.
Um desses lugares é o Escape Hotel, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, aberto em abril deste ano. Patrícia Estefano, uma das sócias, afirma que já planejavam oferecer serviços para o mundo corporativo, antes mesmo de abrirem as portas.
Desde junho, fazem jogos de fuga voltados para RH, em parceria com a empresa de capacitação de recursos humanos I9ação. A parceria, porém, trabalha apenas com atividades para treinamento dos profissionais, e não para avaliação de candidatos em seleção e recrutamento, como fez a Nestlé em seu processo de trainee.
Jogar para desenvolver trabalho em equipe
Fernando Seacero, diretor da I9ação, afirma que os jogos servem para treinar e desenvolver habilidades e competências dos profissionais, como comunicação, análise lógica, tomada de decisão e trabalho em grupo.
Apesar do objetivo principal ser o mesmo (escapar da sala dentro do limite de tempo, desvendando enigmas), são três temas possíveis: um inspirado em histórias de detetive, outro no estilo da série de filmes Indiana Jones, e um de terror.
Depois do jogo, segundo Seacero, os participantes passam por uma consultoria. “Temos aprofundamento do que foi aprendido e como isso pode ser aplicado em ações do dia a dia”, afirma.
Estefano afirma que, até agora, cerca de 20 empresas contrataram o serviço, levando funcionários para o Escape Hotel para participar do treinamento.
Focado em treinamento, Seacero faz ressalvas sobre o uso dos jogos em processos seletivos. “(Na seleção) tem que avaliar diferentes competências. Em uma hora (tempo médio dos jogos) vão ser avaliadas uma ou duas competências, no máximo. Pode ser parte de um processo maior de seleção, mas não pode ser o principal”, afirma.
Esse tipo de iniciativa poderá sobreviver ao fim do modismo dos jogos de fuga, caso isso aconteça em um futuro próximo?
“Levantaria o alerta quanto à necessidade de existir uma consultoria especializada, para não se transformar simplesmente numa diversão. Para que seja focado em aprendizado. Isso pode fazer a diferença para que seja uma ferramenta duradoura”, diz Seacero.
Fonte: UOL