O Grupo Ramiro Campelo tem 50 anos de história e forte presença no interior baiano. A marca Lojas Guaibim, especializada em varejo eletrodomésticos, eletrônicos e móveis, tem mais de 50 lojas espalhadas pela Bahia, e a Casa+Fácil é a maior rede do segmento de material de construção do Estado. Ainda assim, como grandes varejistas de todo o Brasil, a empresa se viu diante de vários desafios ao implementar a tão falada transformação digital durante a pandemia de covid-19.
“Vivemos um momento de grande transformação e é um grande desafio para as empresas de médio porte entender esse momento. Todo o processo de mudança de cultura foi acelerado e a gente sente mais dificuldade porque está mais distante das empresas que estão tocando isso aqui no Sudeste. No interior da Bahia, questões tecnológicas e alguns movimentos chegam de forma um pouco mais lenta. Temos de trabalhar a cabeça do nosso colaborador e da nossa liderança e para isso é preciso um processo de aculturamento”, afirma Ramiro Queiroz Júnior, sócio-diretor do Grupo Ramiro Campelo.
O empresário foi um dos participantes do 10º Fórum do Varejo e Marketing, realizado neste fim de semana no Guarujá, litoral de São Paulo. O evento foi promovido pelo Lide – Grupo de Líderes Empresariais e contou com curadoria de Marcos Gouvêa de Souza, fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem, publisher da Mercado&Consumo e presidente do Lide Comércio; e Marcos Quintela, CEO e sócio da VMLY&R Group no Brasil e presidente do Lide Comunicação. O tema deste ano foi “O consumo e varejo impactados pela transformação digital transversal”.
Ramiro Queiroz Júnior diz que, por se situar no interior da Bahia, o grupo varejista é especialmente sensível à questão da renda. Assim, após o impacto inicial do fechamento das lojas, as vendas subiram quando o governo começou a distribuir o auxílio emergencial. “A Bahia é líder nacional do Bolsa Família. Tem mais gente recebendo Bolsa Família do que com carteira assinada.”
Novo papel do vendedor
A aceleração tecnológica, no entanto, foi desafiadora para os varejistas porque o papel do vendedor foi revisto. “Hoje meu vendedor está sendo treinado para entender que ele vai ter de vender serviços e não dá mais ficar esperando o cliente entrar na loja. Isso no passado a gente falava. Agora, não é mais opção, é imposição da realidade. Antigamente, a gente liberava o porta em porta. Agora, ele nem precisa mais sair da loja para acionar o cliente.”
Mas, para Ramiro Queiroz Júnior, em momentos como esse também é preciso “se olhar no espelho. “A gente tem de olhar para dentro e perceber as nossas forças e como a gente consegue, num momento como esse, pós-pandemia, sobreviver e competir.” A tão debatida pauta ESG, por exemplo, já estava no radar da empresa faz tempo. “Há muito tempo estamos envolvidos em projetos sociais. Um pilar muito forte nosso são as pessoas.”
Imagem: Gustavo Rampini/Lide.