Fracassou o segundo leilão judicial para vender títulos de dívida da mineradora britânica Anglo American, que pertenciam ao empresário Eike Batista e foram incluídos na falência da mineradora MMX, conforme fontes a par do assunto.
Na audiência para abrir envelopes, na tarde de ontem, não houve propostas formais pelos títulos (“debêntures participativas”, que têm características especiais). Os quatro envelopes entregues na semana passada continham apenas meras sinalizações de interesse. Os envelopes foram entregues pelos bancos BTG Pactual e Credit Suisse e pelas gestoras estrangeiras OakTree e Vox Royalty.
Essa foi a terceira tentativa de vender o lote de debêntures da Anglo, que ficou com Eike após a companhia comprar o projeto de mineração Minas-Rio, da própria MMX, em 2008.
Os títulos foram “descobertos” em 2021, dentro do emaranhado de companhias criadas pelo empresário para controlar a MMX. Eles foram parar na massa falida porque, na recuperação judicial da MMX, que corre no Tribunal de Justiça de Minas (TJ-MG), foi dada autorização para que bens do patrimônio pessoal de Eike e de outras empresas ligadas a ele fossem incluídos no processo.
Neste segundo leilão judicial – a primeira tentativa foi uma venda direta, em 2021 -, o lance mínimo era de R$ 1,25 bilhão. As maiores dívidas conhecidas de Eike somam cerca de R$ 2 bilhões – R$ 1,2 bilhão da falência da MMX e aproximadamente R$ 800 milhões do acordo de delação fechado no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Operação Lava Jato. Há, porém, incerteza em relação ao passivo tributário. A União cobra R$ 3,5 bilhões, mas esse débito é passível de recurso e não tem prazo para ser pago.
O banco BR Partners e a gestora Mogno foram os assessores financeiros do processo.
Histórico
No início de julho, o primeiro leilão judicial também fracassou. Nesse certame, o lance mínimo era de US$ 350 milhões, cerca de R$ 1,8 bilhão pelo câmbio mais recente. Esse valor foi definido com base na proposta feita pelo RC Group, que foi levada por Eike ao processo de falência e motivou a convocação do primeiro leilão judicial. No entanto, na conclusão do certame, no início de julho, o RC Group não deu as garantias de que faria o pagamento.
A colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, revelou que a firma pertence a Renato Costa, empresário brasileiro radicado nos EUA e que responderia a pelo menos 18 processos no Brasil. Em nota, o RC Group lamentou informações sobre a empresa publicadas pela imprensa.
“O RC Group atuando em nome de investidores internacionais identificou como boa a oportunidade de aquisição das debêntures de Eike Batista. Todavia, observando recente deliberação do mesmo grupo de investidores, o RC Group declinou da participação no leilão”, diz a nota, enviada pela assessoria de imprensa da empresa.
Com informações de Estadão Conteúdo
Imagem: Shutterstock