Neste fim de semana foi realizado o Fórum Nacional de Varejo, Consumo e Shopping Centers, em sua quinta versão, e que já se tornou um dos mais relevantes envolvendo esses setores.
O evento teve a presença de destacados líderes setoriais e mais representantes do Ministério da Indústria e Comércio, do Governo do Estado de São Paulo e de prefeitos e secretários municipais das cidades de São Paulo, Santos e Guarujá.
Foram três dias de atividades, debates e apresentações que culmiram com a leitura da Carta do Evento, consolidando visões e ações propostas de atuação para os líderes dos setores envolvidos.
Carta Final do Evento
Os Fóruns realizados entre 2013 e 2016 trouxeram como discussão os temas ligados ao melhor conhecimento da realidade do varejo no Brasil e no Mundo para discutir, em seguida, seu protagonismo e sua importância no cenário político, econômico e social do País no presente e no futuro.
Em particular foram discutidas as principais inovações que transformaram o negócio e o país, a partir de um consumidor com maior poder e mais alternativas de escolhas, o crescimento das atividades digitais e os desafios para reposicionamento dos negócios num ambiente muito mais competitivo.
Em 2017, num misto de pragmatismo, oportunidade e necessidade, as discussões envolveram os grandes temas e desafios comuns, o que inclui os setores de Varejo, Consumo e Shopping Centers, no início de um novo ciclo econômico e social, egresso da maior crise econômica e moral da História recente do Brasil que criou uma população de mais de 12 milhões de desempregados formais, a retração da massa salarial em termos reais aos patamares de 2013 e o fechamento de milhares de lojas.
No redesenho desse cenário é consenso entre os líderes setoriais que o foco deva estar na busca irreversível de maior competitividade, produtividade, eficiência e de resultados numa economia em lento processo de recuperação, que deverá ser a marca dos próximos anos.
Porém, o mercado está redesenhado em sua estrutura pela relevância de temas como a economia digital, o papel crítico do crédito no cenário do consumo, a maior concentração de negócios, o empoderamento dos consumidores-cidadãos e a premente necessidade de criação de ecossistemas competitivos envolvendo as diversas cadeias de valor de produtos e serviços.
É preciso, porém, reconhecer que não teremos em anos futuros próximos um cenário tão favorável, porque é inevitável promover as reformas que o país carece.
A combinação da transitoriedade do atual governo, com a dramática crise recente que gerou o nível de desemprego que o País vive e a queda real da massa salarial, combinados com a percepção dos descaminhos no trato das coisas públicas, deveriam precipitar o mais abrangente e ousado programa de reformas já vivido pelo Brasil.
Nesse contexto, preocupa e constrange a tibieza governamental com as propostas envolvendo as reformas trabalhista, previdenciária, política e tributária. E preocupa muito mais – sendo inaceitável –, o caminho fácil do aumento de impostos para compensar essa tibieza.
E isso é um claro chamamento a um outro posicionamento do setor empresarial.
Não devemos contemporizar com a ideia que o ótimo é inimigo do bom, pois essa condescendência, em particular do setor empresarial, foi desastrosa para o País no passado recente.
É preciso ousar no pensar e ação para realizar.
O caminho da relevância estratégica dos setores de Varejo, Consumo e Shoppings Centers no cenário econômico, social e político brasileiro é um caminho sem volta.
Por conta da proximidade que esses setores têm com os novos consumidores emergentes e dosada com o processo irreversível de amadurecimento desses consumidores-cidadãos, esses segmentos têm posição destacada no entendimento da nova realidade.
Esse novo consumidor-cidadão emergente, em especial, do cenário digital, também pede mudanças dramáticas do setor privado, trocando o empresário moita do passado, como colocado por Flávio Rocha, pelo empresário-cidadão conectado com o futuro.
Pede empresários mais comprometido com os grandes temas nacionais, o que transcende em muito seu papel e responsabilidade como líder de empresas e negócios.
Uma sociedade moderna, competitiva e irreversivelmente mais global pressupõe setores e líderes empresariais ligados ao consumo de produtos e serviços com a visão ampliada e alinhada com os desafios do presente e as oportunidades do futuro.
Mas também e principalmente dedicados a atuar para além das fronteiras de seus setores econômicos de atividade, ocupando espaços cada vez mais relevantes na discussão e na ação para a transformação estrutural, ética, política, moral e social que o país precisa viver.
Em paralelo às atividades estratégicas e táticas que o dia a dia impõe, os empresários dos setores de Varejo, Consumo e Shopping Centers devem repensar seus negócios com uma ótica que transcenda os desafios do desempenho dos setores que atuam para pensar de forma integrada e mais ambiciosa em modelos alternativos para o crescimento sustentável do país.
Essa é consciência coletiva e o compromisso que emergem do 5o Fórum Nacional do Varejo, Consumo e Shopping Centers, alinhando os líderes desses setores com a obrigação de se posicionarem e, principalmente, agirem de forma integrada, coesa e ambiciosa pela transformação inadiável que o Brasil precisa.
Guarujá, 25 de Março de 2017