“Diz a lenda que o evento começou com universitários solteiros que começaram a se presentear nesta data”. Foi assim que In Hsieh, advisor da Mobocity e um dos principais especialistas em startups, inovações e investimentos entre Brasil e China, contou que surgiu o Single’s Day (Dia dos Solteiros, comemorado no dia 11 de novembro).
Embora a origem não seja tão precisa, o executivo também explicou que o Alibaba não foi o criador da data, mas sim a primeira empresa a embarcar nessa ideia, que foi gradativamente aderida por todo o varejo da China. No ano passado, as estimativas apontam que o Dia dos Solteiros movimentou cerca de U$ 139 bilhões em vendas na China, dado que quebrou todos os recordes anteriores.
Atualmente, o 11.11 é a principal data do varejo chinês e há cerca de 6 anos começou a ganhar espaço em outros países, principalmente pelo comércio cross border. Como um movimento de resposta, as empresas locais deram início as suas celebrações do Dia dos Solteiros para também serem competitivas.
No caso do Brasil, a Americanas e o Magazine Luiza aderiram às promoções neste período, mas com algumas particularidades. “A princípio pela Americanas, B2W, que começou a chamar o Single’s Day de aquecimento da Black Friday, ao invés de ser uma data por si só. Até para não canibalizar a própria Black Friday”, comentou In Hsieh.
Diferenças com a Black Friday
Apesar das duas datas serem, muitas vezes, comparadas entre elas, cada uma tem sua origem e propósito diferente. No caso da Black Friday, o evento foi criado para desovar os estoques do antigo varejo físico e abrir espaço para os novos produtos que seriam vendidos para o natal. Com o tempo, a data saiu desse posto e se tornou um importante momento do varejo norte-americano e global.
Já no caso do Single’s Day, a data tem também uma conotação e importância festiva. Os descontos são atrativos, mas, além disso, são realizados lançamentos, atividades e shows para engajar o consumidor com a marca. “Tem a importância de ser um momento em eu muitas empresas lançam suas inovações e seus novos produtos. É um momento que os consumidores mais prestam atenção nas lojas e no e-commerce”, explicou Hsieh.
Conceito China x Ocidente
Ainda nessa comparação entre as características de cada país, Hsieh pontuou alguns conceitos presentes no varejo chinês que ainda não são explorados no ocidente. Uma dessas ideias é o do New Retail. “É uma integração online e offline com a adição de melhorias e integrações maiores na logística e na utilização de dados”, resumiu.
O empreendedor ainda explica que no ocidente é muito abordado o omnichanel e todas as questões relacionadas aos canais de compra. “Quando falamos de inovação de varejo na China, já vamos direto no New Retail, que é repensar o varejo e a experiência do consumidor como um todo”, finalizou.
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