Água de coco na fruta descascada tenta seduzir consumidor

Segundo consultoria Kantar, consumo de água de coco aumentou 7,7% em volume no ano passado em relação a 2021

Quem gosta de água de coco sabe bem como é diferente o sabor da fruta no coco e na embalagem longa vida – a mais comum do mercado. Mas nem sempre dá para comprar um coco enorme, pesado, abrir o buraco na casca e tomar.

É por isso que uma nova embalagem promete revolucionar o mercado dessa bebida, cujo consumo aumentou 7,7% em volume no ano passado em relação a 2021, segundo a consultoria Kantar.

A novidade começou, na realidade, na Tailândia, onde a bebida é vendida na fruta descascada. O volume diminui pelo menos à metade, o que ajuda não lotar a geladeira com poucos cocos. O peso passa de 2,5 quilos para 500 gramas. E a casca ainda pode ser utilizada como cobertura de solo nos coqueirais.

“A gente conheceu a embalagem na Espanha, na realidade. Mas era um coco que vinha da Tailândia”, diz Diego Mengue que, com o primo, Marcio Rodrigues Mengue, lançou em dezembro de 2019 o Autenticoco.

Eles foram um dos primeiros a colocar no mercado a novidade, que mantém a água de coco com o gosto natural e não precisa de conservantes – mas requer refrigeração. A dupla, de Cascavel (PR), lida com compras e transporte de frutas há mais de dez anos.

Outra marca que lançou, na mesma época, o coco na embalagem natural, mas sem a casca, é a MyCoco, de Fortaleza. “Um amigo trouxe para mim, de Londres, um coco tailandês que era vendido lá assim, sem casca”, diz Rita Luíza Marinho Grangeiro, da Fazenda Grangeiro, uma tradicional produtora de coco do Ceará.

Festas e eventos

A MyCoco vende seu produto só em território cearense, nas lojas do Grupo Pão de Açúcar e em redes de supermercado locais. Também fornece a bebida para festas e eventos. “A gente grava a logomarca da empresa, o nome dos aniversariantes ou dos noivos à laser no coco”, diz Rita.

Mas o coco da Fazenda Grangeiro é descascado manualmente – diferentemente do que acontece com a Autenticoco e a Obáh Coco, de Belo Horizonte.

A Obáh é a mais nova do mercado. Foi lançada pelo grupo mineiro ManiaFoods há seis meses. Nos dois casos – da Autenticoco e da Obáh – é utilizada uma máquina que descasca o coco, desenvolvida pelas duas empresas, separadamente.

“Foi um grande desafio”, diz Alan Moreira, que também faz dupla com um primo, o Orlando Moreira, na sociedade da ManiaFoods. Os dois investiram R$ 2 milhões para lançar o Obáh Coco.

Ambas marcas tiveram de descobrir qual a melhor época para colher o coco para garantir – não só uma boa qualidade e quantidade de água para o consumo – mas para que o coco não explodisse dentro da máquina, na hora de descascar.

As duas guardam o segredo da tecnologia “descascadora” a sete chaves. A Obáh Coco também não revela quem é o produtor de coco parceiro da empresa que faz o plantio e o processamento da fruta, em Sergipe.

As vendas do produto têm ido bem, embora enfrentem ainda alguns percalços. A Autenticoco, por exemplo, começou vendendo 200 unidades por dia. Hoje, são de 6 mil a 8 mil diariamente.

Surpresas

“Mas a gente já viu de tudo. Na gôndola do supermercado, o produto é um ET. Tem gente que acha que é igual o coco seco, compra para fazer cocada e depois reclama que não deu certo. Outros perguntam como a gente colocou a água dentro da embalagem, se ela vem sem furo nenhum”, conta Marcio Rodrigues.

Para conservação do produto, ao descascar o coco, a polpa não é perfurada. Mas as marcas fazem um furinho, só na parte dura da casca, para facilitar a entrada do canudo de material biodegradável que acompanha o coco. Vem também um suporte circular de papelão que permite deixar a bebida em pé sobre uma mesa, por exemplo.

Para os bares, é uma mão na roda. Além de caber em qualquer geladeira, não precisa de facão para abrir. E ele racha facilmente se o consumidor quiser aproveitar também a polpa.

Mas, além dessa barreira da falta de conhecimento do produto, outra dificuldade de comercialização do produto é a possibilidade de ele estragar. Refrigerado, o coco dura até 30 dias – o que é muito bom, se comparado com o mamão – fruta que os primos Mengue estão acostumados a trabalhar, que só dura 10 dias.

Problemas

Mas, na cadeia de distribuição, muitas vezes o coco fica sem refrigeração e as marcas não têm controle sobre isso. Foi assim que uma das pioneiras nesse jeito de vender coco deixou o mercado, a CocoNude. Além de ter de lidar com esse problema, a marca, segundo fontes do mercado, vendia o produto muito caro (mais de R$ 10 em 2019). Isso fazia o giro do item ser muito lento na prateleira.

A reportagem tentou contato com fundadores da CocoNude, mas não teve resposta. Outra marca, que vende no Rio de Janeiro e São Paulo, a EdenCoco, também não atendeu a reportagem.

Nas prateleiras do varejo, mesmo ainda sendo um ET, como diz Mengue, o coco tem potencial para aumentar o consumo de coco no Brasil, segundo o especialista no mercado de bebidas e alimentos, Adalberto Viviani, da Harriot Consultoria.

Segundo a Horus, que analisa a proporção de itens de varejo nas notas fiscais de supermercado, só 1,3% das compras incluíam a bebida em 2022. Então, o potencial de crescimento é enorme.

Com informações de Estadão Conteúdo (Lilian Cunha).

Imagem: Shutterstock

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