A rede de fazendas urbanas BeGreen inaugura, nesta quinta-feira (30), a primeira unidade na cidade de São Paulo. Ela fica na zona sul da capital paulista, no Plaza Sul Shopping, administrado pela Aliansce Sonae, e se soma às sete outras fazendas urbanas que a startup possui desde 2017.
A fazenda fica no rooftop do shopping, tem uma área produtiva de 570 m² e capacidade de produção de 1.841,1 kg/mês. Isso representa 1,3 mil pés de hortaliças, entre alfaces, folhosos e temperos, livres de agrotóxicos, a cada mês. Tudo o que for produzido ali poderá ser comprado por restaurantes localizados no shopping e no entorno. Além dos produtos frescos, esses estabelecimentos se beneficiam da disponibilidade dos produtos, uma vez que a produção acontece sem influência de mudanças e variações do clima.
A nova unidade da BeGreen conta com o que a marca chama de “Experiência BeGreen”, por meio da qual o público pode participar de visitas livres, escolares e universitárias à estufa onde os alimentos são produzidos. Os visitantes são acompanhados por uma equipe educativa e podem colher e experimentar as hortaliças. Há, também, uma loja-conceito onde é possível comprar hortaliças e artigos como produtos de limpeza naturais e veganos, sacolas ecológicas e produtos para jardinagem.
“É a nossa inauguração mais emocionante por ser a primeira em São Paulo. Como bons mineiros, começamos aos poucos, estruturando fazendas em modelos mais simples, sem visitas. São Paulo é uma cidade com mais de 12 milhões de habitantes e não podíamos ‘fazer feio’ para esse público”, diz o fundador e CEO da BeGreen, Giuliano Bittencourt.
Shopping e comunidade
Para o superintendente do Plaza Sul, Carlos Santos, o shopping, como espaço privado de uso público, tem a responsabilidade de atuar na comunidade em que está inserido. “Os shoppings deixaram de ser grandes centros de compras e viraram grandes hubs de conexão e convivência e a pandemia teve o papel de acelerar esse processo”, pontua.
Além da aceleração tecnológica, Santos destaca a importância do ESG, que deixou de ser apenas uma questão de marketing para se tornar uma necessidade das empresas. “A BeGreen alia inovação, tecnologia, experiência, educação e entretenimento, tudo isso com a responsabilidade do consumo consciente de alimentos.”
Nos dias de semana, a fazenda urbana BeGreen do Plaza Sul Shopping estará aberta para visitas de escolas e grupos, que devem ser agendadas previamente. Segundo Giuliano Bittencourt, essas visitas são personalizadas para cada grupo – a ideia é adequar o conteúdo apresentado à grande curricular, por exemplo. Nos fins de semana, as visitas são abertas para as famílias.
Sustentabilidade e saúde
A startup tem como propósito levar mais sustentabilidade e saúde para a população, com fazendas em locais de fácil acesso como shoppings.
Além da unidade do Plaza Sul, a BeGreen tem fazendas urbanas atualmente no Shopping da Bahia (Salvador), no Boulevard Shopping (Belo Horizonte), na Mercedes-Benz (São Bernardo do Campo), no Via Parque Shopping (Rio de Janeiro), no Passeio das Águas Shopping (Goiânia), na sede do iFood (Osasco) e no Parque D. Pedro Shopping (Campinas).
Nas fazendas, são produzidos sete tipos de alface (soft verde, soft roxa, mimosa verde, mimosa roxa, frisée verde, frisée roxa e crocante), nove tipos de folhosos (mostarda oriental, folha de beterraba, rúcula, couve pak choi, couve mizuna, espinafre, mostarda lisa, agrião e acelga colorida) e oito tipos de tempero (manjericão basílico, coentro, cebolinha, orégano, basilicão roxo, salsa, tomilho e sálvia).
As hortaliças produzidas na fazenda urbana consomem 90% menos água do que o modelo convencional. A proximidade entre a produção e a mesa do consumidor resulta em baixa emissão de carbono no transporte e apenas 2% de perda da produção, enquanto em outros tipos de entrega essa perda pode chegar a 40%.
Tendência mundial
A CEO da Gouvêa Foodservice, Cristina Souza, destaca que as fazendas urbanas são tendência no mundo. “Tivemos a oportunidade de visitar em Chicago a Farm on Ogden, que tem o apoio do Jardim Botânico local que oferece suporte a 14 fazendas urbanas de diferentes proporções na cidade. Algumas unidades do Whole Foods nos EUA também possuem rooftops com produção local”, exemplifica.
Cristina Souza cita ainda fazendas urbanas de Singapura e Berlim. “Todas têm o propósito de reduzir o impacto ambiental no transporte de folhosos e de estimular um estilo de vida mais saudável a partir do consumo dessas verduras. Cada um possui uma direção técnica de produção: vertical, horizontal, hidroponia pura, combinação de hidroponia e piscicultura, plantio em substratos.”
Para a especialista, fazendas urbanas como a BeGreen têm vantagens claras para restaurantes. “A principal vantagem para um restaurante é o frescor, a durabilidade e a redução de impacto ambiental no transporte. São produtos com um processo de plantio mais limpo e de fácil higienização, reduzindo o consumo de água e de produtos químicos, além do tempo e mão de obra dedicada para essa atividade. É possível a colheita de forma muito precoce e com qualidade, permitindo que o chef ou empreendedor tenha regularidade em padrão. As oscilações de qualidade causadas pelas intempéries climáticas não acontecem.”
Cristina Souza destaca ainda que, há alguns anos, todo lixo coletado na praça de alimentação do Shopping Eldorado, na zona oeste de São Paulo, é tratado e se transforma em substrato de uma das maiores hortas em um rooftop na cidade. “Essa iniciativa da BeGreen reforça o movimento dos shopping centers de serem um epicentro de uma comunidade que pode frequentar o mall para comprar, se entreter, se alimentar e, principalmente, conviver. Tudo isso, dentro dos pilares de convivência a sustentabilidade, ganha importância adicional. Muitos shoppings oferecem feiras orgânicas semanalmente e o cultivo no local deve estimular fluxo e reforçar um posicionamento sustentável do shopping center.”
Imagem: Divulgação