Globalmente, o mundo do trabalho se encontra em meio a uma grande revolução.
Impulsionada por várias forças de transformação, que vão desde o uso e disseminação da tecnologia, o acesso à informação, conexão e quebra das barreiras de localização à mentalidade das novas gerações somadas à própria mudança do indivíduo, suas relações e entendimento do seu papel social, sua própria condição de ocupação deste planeta que chamamos Terra… Enfim, não é mais possível conceber a ideia de que as relações de trabalho possam ser regidas pelos mesmos mecanismos anteriormente existentes.
Quando a CLT foi criada, o Brasil era um país com 80% da sua população vivendo no campo e um processo de industrialização incipiente. Neste cenário, a legislação se adequava à realidade econômica, bem como às relações de trabalho existentes. De lá para cá, não seria demasiadamente arriscado dizer que, em 10 anos, a palavra emprego poderá ter caído completamente em desuso.
É inegável que, nas últimas décadas, o avanço tecnológico e o surgimento de internet e mobile não apenas criou como fomentou muitas novas formas e necessidades de trabalho, com rotinas e normas mais flexíveis. O home office, o trabalho à distância, os grupos multidisciplinares, a especialização da mão de obra (expandida até para países mais ou menos especialistas em determinados assuntos), tudo isso tem seus dias de convívio com formas mais tradicionais de trabalho contados. Horas flexíveis de trabalho, novas ocupações, outros modelos de oferecimento da força de trabalho e o uso da tecnologia estão mudando o caminho do trabalho. Aliado a isso, com a pressão imperativa pela inovação, os líderes de uma forma geral estão buscando construir espaços de trabalho cada vez mais flexíveis, diversos, dinâmicos e multiculturais.
Felizmente, nunca estiveram disponíveis tantas ferramentas para mudar o modo como vivemos e trabalhamos. Esta nova era levou à extinção empresas gigantes tidas como verdadeiros modelos de administração. O futuro sinaliza ser mais povoado por empresas menores reunidas em torno de um projeto comum, em um ecossistema mais colaborativo que competitivo.
A busca pela qualidade de vida, a conexão e responsabilidade com o meio ambiente e a premissa básica de realização pessoal e profissional na mesma medida são parte da tônica atual.
Novas necessidades fazem emergir novas exigências e para balizar as relações de trabalho neste cenário transformado, torna-se providencial criar mecanismos legais que acompanhem a flexibilidade exigida pelo novo ritmo e anseio das pessoas.
A reforma trabalhista, neste momento, representa muito mais que a modernização dos mecanismos que regem as relações do trabalho. Sob a ótica do trabalhado inclusive, pode também significar o aumento do seu poder e liberdade de escolha sob seus talentos e o trabalho que executa, além de uma maior administração do seu tempo disponível conforme seus interesses. Este movimento, ainda pequeno diante de todas as transformações no mundo do trabalho, pode ser um divisor de águas no controle de sua própria força de produção.
Neste mundo cada vez mais veloz e interligado, novas tecnologias vão ampliar ainda mais a possibilidade de trabalhar ao redor do globo, em qualquer fuso horário. O poder estará cada vez mais descentralizado e as hierarquias cada vez mais flexíveis. Podemos estar imersos a uma era do trabalho freelance, colaborativo e sob demanda. As habilidades de cada indivíduo podem estar cada vez mais sendo aproveitadas por tempo determinado, em situações específicas, em diferentes localidades. Será este um tempo de mais criatividade e de maior conexão com o que cada um pode, verdadeiramente, produzir?
Fica a provocação de discutir a reforma trabalhista sob um novo prisma. Se, de fato, ela não está abrindo caminho e precipitando mudanças ainda mais complexas para a transformação definitiva do que conhecemos hoje nas relações de trabalho? O futuro do trabalho é agora!