Com a ascensão dos influenciadores no meio digital, a creator economy se tornou um grande campo de investimento para as marcas como meio de comunicação com seus clientes. Segundo dados levantados pela Adobe, esse mercado está longe de ser um nicho e já movimenta US$ 300 bilhões por ano, com projeção de que o faturamento chegue a US$ 480 bilhões até 2027.
Mas um dos desafios que as empresas enfrentam é a adoção de práticas adequadas pelos influencers ao interagir com suas audiências. Na visão do Interactive Advertising Bureau (IAB Brasil), entidade que atua no desenvolvimento do mercado de publicidade digital no Brasil, o trabalho de conscientização sobre padrões éticos deve começar pelos principais criadores de conteúdo e pelas agências especializadas em representar esses profissionais.
“É um trabalho que começa com os principais nomes desse mercado, que já estão preocupados em dar bons exemplos. Com a adesão desses grandes criadores de conteúdo, a tendência é que a preocupação com as boas práticas de publicidade reverbere para o mercado como um todo”, afirma Cristiane Camargo, CEO do IAB Brasil.
Em abril, a entidade lançou o guia “Publicidade digital na creator economy: práticas para uma abordagem ética e transparente”, um material de auxílio para que os criadores conheçam as orientações do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), organização parceira do IAB Brasil, e prestem atenção nas diretrizes das plataformas nas quais atuam.
Há cerca de 8 anos, o IAB Brasil desenvolve diretrizes para influenciadores digitais. Para este ano, a entidade irá realizar mais uma edição do curso voltado para os aspectos éticos e jurídicos do marketing de influência, com uma nova turma para os dias 7, 8 e 9 de maio de 2024.
“Todos esses atores estão interessados em garantir um ambiente saudável para a publicidade digital. As boas práticas não vêm para restringir, mas para fomentar o crescimento do setor como um todo”, destaca Cristiane.
Outras iniciativas do IAB Brasil para o segmento neste ano incluem novas pesquisas, métricas e técnicas, tecnologias emergentes e o desenho da cadeia de supply chain para a creator economy. Essa atividade deve ser desenvolvida dentro do Comitê de Creator Economy da entidade, presidido por Mayer Mirmovicz, sócio-diretor na Agência Social Tailors, e tendo como vice-presidente Yuri Mussoly, head of Creative Latam do TikTok.
Engajamento
Devido aos altos níveis de engajamento e conversão gerados pela publicidade, o interesse das marcas pelos criadores de conteúdo está em crescimento. De acordo com o estudo “#Publi: o impacto da Creator Economy entre os internautas brasileiros”, realizado pelo IAB Brasil em junho de 2023, 92% dos entrevistados declaram já ter seguido dicas de digital influencers, e outros 82% dizem já ter comprado após recomendações de influenciadores.
O levantamento também aponta que o alcance da creator economy é bastante amplo, abrangendo uma variedade de segmentos, como humor e entretenimento, música, culinária e gastronomia, fitness e saúde, tecnologia, viagens e turismo, moda e beleza. Quanto mais alto o poder aquisitivo, maior é o consumo de conteúdo online. Os dados mostram que na classe A, o consumo de conteúdo de influenciadores se espalha por nada menos do que nove setores da economia.
O advogado Pedro Henrique Ramos, membro do Conselho Consultivo do IAB Brasil e sócio do escritório Baptista Luz, afirma que o guia de boas práticas do IAB pode garantir que esses profissionais não tenham sua influência prejudicada por questões negativas, como veiculação de conteúdos inadequados ao público-alvo, que muitas vezes é direcionado ao público infanto-juvenil.
“O mercado precisa de segurança e confiança . É um movimento positivo tanto para as marcas quanto para os profissionais que criam conteúdo”, completa Ramos.
Com informações de Mercado&Tech.
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