Operadora do Burger King no Brasil, a Zamp recebeu nesta segunda-feira, 1º, uma proposta pela aquisição de 45,15% de suas ações, ao custo de R$ 7,55 por papel – valor 21,4% superior ao do fechamento do papel na última sexta-feira, 29 -, em uma oferta pública voluntária para aquisição (OPA) feita pela MC Brazil F&B Participações.
Caso a operação seja concretizada, a empresa – que faz parte do portfólio de negócios controlados pelo Mubadala Capital, fundo soberano de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos – vai desembolsar R$ 940 milhões e passará a ter 50,10% do capital social da Zamp – hoje, o fundo do Oriente Médio é dono de 5% dos papéis da rede de fast-food.
Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Zamp diz que o seu conselho de administração está avaliando a proposta em conjunto com seus assessores e que divulgará ao mercado um parecer sobre a OPA em até 15 dias. A oferta foi recebida com otimismo pelo mercado. As ações da rede lanchonetes fecharam o pregão de ontem na Bolsa cotadas R$ 7,39, alta de 18,8%.
Reações negativas
No entanto, de acordo com acionistas e investidores ouvidos, no Brasil e no exterior, internamente, a proposta do Mubadala Capital para assumir o controle da Zamp não foi recebida com o mesmo entusiasmo pelos principais acionistas da rede.
De acordo com as fontes, um dos fatores de descontentamento é o fato de que a oferta representa uma queda de mais de 60% em relação à média de preço da ação do Burger King antes da pandemia, em 2019 – quando os papéis eram cotados a cerca de R$ 20.
“Acreditamos que o preço subestima o valor do negócio”, disse um dos acionistas da rede, que afirmou ainda que a oferta não leva em conta as perspectivas de alavancagem operacional que o Burger King pode ter com a retomada das vendas após a pandemia.
Para outro acionista, o preço proposto é “irreal”, considerando o potencial da empresa. A fonte lembra que, na proposta de fusão com a Domino’s, recebida em meados do ano passado, os papéis da rede de eram avaliados a R$ 11,12. Era uma proposta de troca de ações e, conforme acrescenta a fonte, também houve à época reações contrárias à realização do negócio.
Apetite
Nos EUA, em outubro do ano passado, o Mubadala Capital adquiriu a K-MAC Enterprises, companhia que opera mais de 300 restaurantes da Taco Bell e representa cerca de 4% de toda a rede da marca. Por aqui, o que teria feito o fundo olhar para a operação nacional do Burger King foi o preço. Os comentários são também de que o Mubadala pode olhar outros negócios no segmento.
Uma fonte ouvida conta que outros fundos de private equity já dão sinais de que devem buscar empresas descontadas na Bolsa brasileira pela oportunidade que os preços baixos oferecem no momento.
Resta saber, portanto, se o conselho da Zamp aceitará uma oferta considerada tão baixa por parte de seus acionistas. Entre os maiores investidores do Burger King estão Atmos Capital, Vinci, Morgan Stanley, APG Asset Management, Somerset Capital Management e Montjuic Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia.
Com informações de Estadão Conteúdo
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