A Tailândia, com seus previstos 41 milhões de visitantes em 2020, é um mercado muito dependente do turismo, especialmente o da China, uma vez que esse fluxo representa perto de 60% da população local que, ao mesmo tempo em que transforma a economia, reconfigura a oferta de produtos, serviços e o varejo.
Por conta disso convive uma oferta plural e diversificada que mescla operações focadas no mercado interno e no turismo de baixa renda, mais básico e quase rudimentar, com outras, destinadas a atender a demanda dos empoderados turistas globais.
Isso é observado nos mercados livres e abertos, populares, com uma oferta variada de especiarias, frutas, cereais, verduras, peixes, carnes, frutos do mar e toda sorte de alimentos, operados em espaços precários e de limpeza e asseio, para dizer o mínimo, duvidosos, ao lado de shoppings com padrão global, onde lojas convencionais de todos os setores, marcas locais ou internacionais, massificadas ou de alto luxo, dividem área com inúmeras operações de foodservice e mais carros Porsche, Rolls Royce e BMW. Tudo junto e misturado.
Como país asiático, a tradição da alimentação fora do lar, como na China, Coreia e outros, é superior a dos países ocidentais fazendo com que haja uma oferta massiva de alternativas que vão dos alimentos prontos preparados e prontos para consumir nesses mercados populares, cuja higiene gera naturais preocupações, às operações mais formais e estruturadas das redes locais e internacionais que atuam no setor. E entre elas todas as mais importantes globais estão presentes no mercado, de McDonald’s e Burger King a Starbucks, dividindo a impressionante oferta de alternativas com redes e operações locais.
Mas a maior oferta está concentrada nas redes de lojas de conveniência, que é a base principal do varejo moderno na Tailândia, que reúne marcas como 7 Eleven, com mais de 11 mil lojas e mais Tesco Lotus, Family Mart e outras.
Diferente do Brasil, as lojas de conveniência, na maior parte fora de postos de combustíveis, substituem lá os supermercados tradicionais, hipermercados e cash and carry, que são em muito menor número. Sua oferta envolve o tradicional de uma conveniência, porém com forte presença de alimentos prontos para consumir.
Outro ponto de destaque no mercado da Tailândia é o boom de desenvolvimento imobiliário com a construção de novos prédios, shoppings, centros empresariais, edifícios residenciais, ao lado de operações e construções tradicionais e populares, especialmente em Bangkok, redesenhando esta e outras cidades, pela conversão de construções antigas e tradicionais em modernas operações comerciais e de hotelaria.
O e-commerce em termos de participação nas vendas totais do varejo é ainda bastante baixo, inferior ao do Brasil, porém com forte crescimento, em especial por conta do aumento da oferta pelas alianças entre ecossistemas chineses, como Alibaba e Tencent.
No ano passado, a Tencent uniu-se ao Central Group, um dos principais grupos varejistas locais, para criar a JD Central e com isso ampliam as alternativas, ainda que a complexidade logística na Tailândia seja similar àquela encontrada no Brasil.
É inegável e marcante a profunda transformação que acontece no mercado da Tailândia como resultado de uma conjugação de fatores que inclui o elevado crescimento econômico padrão Ásia, combinado com o amadurecimento da população, em boa parte exposta à visitação de 38 milhões de turistas, como deverá acontecer neste ano de 2019, além da diversidade e atualidade da oferta em termos de equipamentos, estruturas, práticas e a crescente oferta de marcas de produtos, redes de lojas e serviços globais que chegaram ao mercado em busca de uma maior participação nesse crescimento econômico.
Essa mescla do tradicional, simples, autêntico e básico da cultura local, num país de regime estável e monárquico, dominado pela religião budista e que nunca foi colonizado por ocidentais, como fazem questão de destacar, com o novo, exuberante, marcante e moderno do que de mais avançado acontece no Ocidente e na Ásia, desenha a realidade atual da Tailândia, que tanto interesse desperta a ponto de se tornar um dos principais destinos turísticos mundiais, reconfigurando também, o mercado, o consumo, o varejo e os serviços.
NOTA: Esse é o segundo e último artigo sobre o mercado da Tailândia, dentro da série “O mundo do varejo e o varejo do mundo”.
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