À procura de compradores, o Makro acabou trazendo nomes de redes de atacarejos regionais para o noticiário. Em expansão, grupos como Pereira, Muffato e Spani avaliaram o ativo, mas desistiram da compra ao ver contingências do negócio. O que ficou claro, porém, é que esses grupos têm apetite por crescimento via aquisições. Mas é preciso ter caixa para fazê-las e ativos disponíveis para comprar.
Em geral, o modelo de atacarejos costuma gerar caixa para as companhias, financiando o crescimento orgânico das redes. Para o sócio da consultoria especializada em varejo Mixxer, Eugênio Foganholo, esse é um modelo de negócios vencedor no varejo alimentar e, portanto, deve seguir em expansão, sobretudo orgânica, mas sem desconsiderar as raras oportunidades de aquisição que aceleram os processos de crescimento das redes.
Esse é o caminho trilhado pela Spani. “Com planejamento estratégico muito bem estruturado, podemos dizer que, desde sua fundação, o Grupo Zaragoza está focado na expansão das operações da bandeira Spani”, diz Cléber Gomez, diretor-presidente do Grupo Zaragoza, dono do Spani. O planejamento, afirma ele, prevê um crescimento orgânico para 2023, mas a empresa analisa as oportunidades de aquisições que estão no mercado.
Segundo Gommez, o grupo, que deve fechar 2022 com faturamento de R$ 4 bilhões, tem caixa para ir às compras. “Ocupamos posição de destaque entre os principais players do segmento de atacarejo do País, o que nos coloca em totais condições para eventuais oportunidades de aquisição”, diz.
Sobre o interesse no Makro e posterior desistência do negócio, o executivo não faz comentários, mas afirma que o objetivo da empresa é ampliar a presença na Grande São Paulo e no interior paulista. “Temos planos de expansão para o Rio de Janeiro, partindo do Sul Fluminense, onde já temos duas operações, e seguir para outras regiões do interior do Estado e para a capital.”
Além disso, o grupo tem como meta realizar investimentos em logística, em capacitação de pessoal e fazer “boas negociações com fornecedores” para estarem “prontos para aproveitar as oportunidades”.
O grupo tem 5 mil empregados. No total, são 37 lojas Spani em operação nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, além de 4 lojas Villarreal Supermercados, no Vale do Paraíba.
‘Gigantes regionais’
O grupo paranaense Muffato, que faturou mais de R$ 10 bilhões em 2021 e tem estimativa de crescimento para 2022 de 10%, também avaliou e posteriormente desistiu do Makro. Em entrevista recente, Everton Muffato, um dos três irmãos que atuam como CEOs da empresa, disse que o negócio não avançou por incompatibilidade de interesses. No entanto, deixou claro que novas fusões e aquisições continuam em seu radar.
O Grupo Pereira, também apontado como interessado nos ativos do Makro, é outro gigante regional. Para 2023, a empresa, que atua na região Centro-Oeste, mantém seus planos de expansão e a expectativa é investir R$ 660 milhões. No primeiro semestre, segundo o grupo, o foco será a chegada ao mercado do Rio Grande do Sul, com cinco lojas.
Reação
Para Foganholo, da Mixxer, existe também uma reação das redes regionais à expansão das duas grandes redes listadas na B3: o Atacadão e o Assaí. Segundo ele, com a expansão dessas bandeiras, o mercado de atacarejos tem se tornado mais concentrado, o que faz com que redes menores corram um pouco mais para defender seus territórios.
Uma saída para acelerar a expansão das redes regionais é a conversão de lojas de supermercado para esse novo formato. No entanto, nem sempre essa virada funciona. As lojas que vendem com preço de atacado têm de ter uma estrutura diferente que reduza custos de operação para entregar preço baixo com boas margens.
Assim, muitas vezes, as reformas podem não ser bem-sucedidas, avalia Foganholo. “Se a estrutura é mista, nem sempre é possível atingir custos menores”, diz. Em geral, a expansão por meio de aquisições ajuda as companhias a acessarem um novo mercado já com escala.
Essa pode ser mais uma das razões para que essas redes busquem oportunidades de compra no setor.
Com informações de Estadão Conteúdo
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