Demorou, mas aconteceu: desembarquei em março pela primeira vez no maior festival de inovação do mundo, o South by Southwest (SXSW), que acontece em Austin, nos EUA, desde 1987. Há tempos desejava participar do evento, conhecido por ser um celeiro único de conversas sobre inovação, cultura e tendências.
A conferência foi organizada neste ano em 24 trilhas de conteúdo, que cobriram macrotemas como Inteligência Artificial, mudança climática, transporte, bem-estar e medtechs, experiência de marca e até uma trilha exclusiva sobre psicodélicos. O impacto social também estava lá, muito presente nas discussões da trilha sobre governo e engajamento cívico.
Eu e a Raíssa Pena, chief communications officer da MOL Impacto, minha companheira de viagem, nos dividimos para explorar ao máximo a programação oficial (que continha mais de inacreditáveis cinco mil atividades) e os eventos paralelos, que iam desde ativações de marcas, como Netflix e Porsche, que testavam os limites da criatividade publicitária, até as ações da Casa São Paulo, iniciativa do governo de São Paulo que funcionou como um QG da comunidade brasileira — a maior delegação no evento depois da americana.
Priorizamos painéis, sessões e oficinas sobre estratégias de storytelling, de engajamento de públicos e novas práticas em redes sociais. Habilidades fundamentais para a MOL, que sabe a importância de contar boas histórias de pessoas, organizações e comunidades transformadas por meio das doações desde 2007.
Ficaram marcados os aprendizados da masterclass “Storytelling for social impact”, em que o autor e ativista americano Dr. Ibram X. Kendi defendeu que contar uma história sobre como uma pessoa inspiradora navegou determinada situação é muito mais mobilizador do que dizer às pessoas como elas deveriam navegar em determinada situação. “Conte a história que você precisa contar e, então, crie espaço para que as pessoas decidam pela mudança por elas mesmas”. Ou seja, menos sermão, mais bons exemplos.
Precioso também foi o workshop “Building an impact-first storytelling strategy with Nat Geo”. Experts do laboratório de histórias de impacto da National Geographic afirmaram que, para gerar avanços concretos e específicos em questões socioambientais relevantes para a marca, tem se mostrado uma estratégia muito mais poderosa desenvolver uma peça audiovisual para ser vista, por exemplo, na abertura de uma sessão na Câmara dos Deputados do que investir tempo, equipes e dinheiro em campanhas bem intencionadas, mas generalistas para promover hashtags em redes sociais ou engajar o público superficialmente.
Tudo isso começa com uma pergunta simples, mas poderosa: que impacto eu quero que o conteúdo traga para a minha causa e para o meu negócio? A partir dessa resposta, é possível mapear os atores-chave e a entrega que fazem mais sentido.
Em um mundo atordoante, cheio de estímulos em uma briga constante por nossa atenção, uma mensagem bem desenhada faz toda a diferença. E se você é do meu time (desconfio que sim!), sabe que há muitas histórias impactantes só esperando para serem contadas — e inspirar quem se dispor a ouvi-las.
Roberta Faria é CEO da MOL Impacto.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Shutterstock