Pela primeira vez realizado fora da Europa, o Web Summit Rio 2023 comprovou porque é referência global no debate sobre tecnologia e inovação. Recorde de pessoas presentes, palestras para todos os interesses, nomes e referências de peso, startups e ativações inovadoras, ampla capacidade de networking, é nesse cenário que encontrei importantes narrativas acerca das principais tendencias de tecnologia, como os bancos do futuro, criatividade versus timing e, claro, inteligência artificial e privacidade. A seguir, trarei os principais insights e as lições que aprendi (até agora).
O assunto da vez: IA. O maior evento de tecnologia do mundo não poderia deixar o tema de fora, com direito a participação da especialista em segurança de rede e ativista Chelsea Manning, que em sua apresentação abordou temas como privacidade e tecnologia, especialmente em relação à inteligência artificial e o potencial de seu uso ético e responsável. No geral, Manning acredita que os tecnólogos têm papel crucial na implementação do uso ponderado da IA e abordou sobre a necessidade de ferramentas que respeitem a privacidade e sejam amigáveis aos usuários. Apesar dos desafios, Manning encerrou a palestra em um tom otimista sobre o potencial de um futuro com internet e cultura mais democráticas e que respeitem a privacidade.
Aproveito para complementar que, à medida em que se torna mais generalizada, tendo em vista que a IA depende de grandes quantidades de dados para seu pleno funcionamento, a quantidade de informações que é coletada aumentará significativamente. Mas vale destacar que as vantagens para as empresas e consumidores não devem ultrapassar os limites da privacidade e segurança cibernética dos usuários, mas ocorrer de forma ética e responsável, com foco na proteção dos direitos dos cidadãos, de acordo com as leis e regulamentações vigentes. A tecnologia está em constante evolução e, por isso, é fundamental que as empresas trabalhem em conjunto com os órgãos reguladores para garantir a segurança e a proteção dos dados dos usuários.
Não à toa, a criptografia também foi um tópico importante no Web Summit. Com a crescente demanda por segurança nas transações financeiras, a criptografia foi citada como uma ferramenta essencial para garantir a privacidade dos dados dos usuários e proteger as informações confidenciais, também sendo utilizada para garantir a segurança em outras áreas, como na Internet das Coisas (IoT) e no armazenamento em nuvem.
Outro tema que esteve fortemente presente nas conversas do evento foi o papel da IA no sistema bancário.
O que se sabe é que a tecnologia é uma ferramenta poderosa para melhorar a eficiência dos processos bancários, desde a verificação de identidade até a análise de risco de crédito. Com a IA, é possível tomar decisões mais rápidas e precisas, reduzindo custos e melhorando a experiência do usuário. Mas, como construir os bancos do futuro em um cenário tão desafiador? Essa pergunta foi debatida por Milton Maluhy, CEO do Itaú Unibanco, ao relatar algo fundamental para crescimento e aprendizado, não só dos bancos, mas para todas as empresas: mesmo gigantes, as empresas têm que assumir que não sabem de tudo, o que revela a necessidade de entender as mudanças dos clientes e do espectro que ronda os negócios, ainda mais quando se fala em bancos e tecnologia.
O grande fato é: a jornada do consumidor é o fator-chave para o desenvolvimento e sucesso de negócios, sejam eles de qualquer natureza. O objetivo, nesse caso, é mudar a forma de pensar e buscar um caminho igualitário com foco na diversidade, usando dados para entender os clientes, priorizando o indivíduo e não mais apenas o segmento. Esse cenário também revela a necessidade que as empresas têm em contar com tecnologia de ponta, usabilidade cada vez mais aprimorada e, novamente, pensando na jornada do cliente como um todo.
Mas e o que que podemos falar sobre as principais tendências da tecnologia? Gabriel Vasquez e André Miceli, da Andreesseen Horowitz e MIT Technology Review Brasil, respectivamente, falaram sobre. Não tenho dúvida de que o cenário de financiamento mudou drasticamente nos últimos anos, e, na visão deles, cada vez mais os “tradicionais” bancos vêm se tornando menos confiáveis.
Entre as principais tendências, a primeira e mais relevante, voltou a se falar sobre Inteligência Artificial, que são as ferramentas essenciais para o big data lake mundial. Além disso, o embedded finance permite que todas as empresas possam se tornar bancos, algo visto cada vez com mais força. Podemos falar que é uma tendência emergente no setor financeiro e que apoia fortemente a questão de serviços financeiros. Essa abordagem permite que os consumidores tenham acesso a serviços financeiros de forma mais conveniente e integrada em suas experiências cotidianas, além de permitir que as empresas gerem receita adicional e melhorem a fidelidade dos clientes.
Tendências, novas tecnologias. Encerro o meu primeiro dia de evento com muitas ideias e empolgado com o que ainda está por vir. O evento continua nos próximos dias, vamos juntos?
Marcelo Queiroz é head de Estratégia & Novos Negócios da ClearSale.
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