O Pix é apenas uma interface das inúmeras possibilidades de atualização do nosso sistema financeiro. Desde o seu lançamento, em novembro de 2020, o meio de pagamentos instantâneos revolucionou a forma como os brasileiros fazem transações financeiras.
Segundo dados do Banco Central (BC), 173 milhões de brasileiros já usaram o Pix, entre pessoas físicas e jurídicas. A Febraban, por sua vez, aponta que o meio de pagamento instantâneo representa 90% de todas as operações bancárias no País. Com sua proposta de agilidade, facilidade e disponibilidade 24/7, o Pix rapidamente conquistou uma vasta base de usuários e se tornou uma das principais ferramentas de pagamento em terras verde e amarelas.
Contudo, à medida que novas modalidades de Pix, como o Pix Saque, o Pix Troco, o Pix por Aproximação e Automático, vão sendo implementadas, surgem também desafios significativos que precisam ser endereçados para garantir a segurança e a eficiência do sistema.
As categorias surgem para complementar e melhorar mecanismos já existentes, mas manter arranjos atuais com grandes apelos de utilização é um ponto de atenção para que tudo siga funcionando bem. Um exemplo disso é manter a relevância de produtos como o débito automático, mesmo após a implantação do Pix Automático.
Assim como em todo projeto bem-sucedido, as dificuldades podem aparecer, e é importante estar preparado para superá-las. Listei algumas que podem ser ou já estão sendo enfrentadas quando falamos das novas modalidades do Pix.
- Segurança do usuário: Um dos principais desafios é a segurança das transações. Com o aumento das modalidades de uso, surgem oportunidades para fraudes e ataques cibernéticos. Os usuários precisam estar cada vez mais atentos a golpes, como phishing e engenharia social, que visam obter informações pessoais e financeiras. A confiança no sistema é primordial, e, para que o Pix continue a ser uma escolha viável para consumidores e empresas, é essencial que bancos e instituições financeiras invistam em tecnologias de segurança e na conscientização dos usuários sobre práticas seguras;
- Bancarização: Além da segurança, há a questão da inclusão financeira. As novas categorias de Pix podem beneficiar um público ainda mais amplo, incluindo pessoas que, até então, não tinham acesso a serviços bancários tradicionais. No entanto, a realidade é que muitos brasileiros ainda enfrentam barreiras de acesso à internet e ao uso de tecnologias digitais. A promoção de campanhas de educação financeira e a melhoria da infraestrutura de conectividade nas regiões mais carentes são ações fundamentais para garantir que todos possam usufruir desses novos serviços;
- Regulamentação e governança: Outro desafio relevante é a regulação e a governança do sistema. Com o crescimento do uso do Pix, a fiscalização e a criação de normas que assegurem a proteção dos consumidores e o funcionamento justo das instituições financeiras tornam-se ainda mais urgentes. A implementação de mecanismos claros de resolução de conflitos e de proteção contra abusos é essencial para criar um ambiente de confiança, tanto para os consumidores quanto para os fornecedores de serviços;
- Adaptação do mercado: Por último, mas não menos importante, a adaptação do mercado também é um desafio a ser considerado. Muitos comerciantes, especialmente os pequenos empreendedores, ainda estão se familiarizando com o sistema e suas novas modalidades. A transição para o Pix como meio de pagamento requer investimento em tecnologia e conhecimento. Assim, é vital que as instituições financeiras ofereçam suporte e treinamento aos comerciantes para que consigam se adaptar a esse novo cenário.
Ao discutir o sistema de pagamento Pix, é possível observar que ele oferece benefícios tanto para o consumidor quanto para o lojista em relação ao seu uso. Ao refletirmos sobre o passado, é difícil imaginar um cenário repleto de regras, prazos rigorosos e custos elevados associados à realização de transferências financeiras. Isso torna o meio de pagamento extremamente relevante independentemente de seus desafios e melhorias necessárias.
Com a solidificação do Pix, não podemos ignorar que ele possa apresentar riscos aos clientes. Afinal, as fraudes acompanham esse crescimento. No entanto, é evidente o quanto o Banco Central, os bancos, as instituições financeiras e o mercado vêm atuando fortemente para promover mudanças e evoluir na proteção dos usuários. À medida que os produtos evoluem, os mecanismos de segurança seguem e devem continuar acompanhando essa evolução.
Em suma, embora as novas modalidades do Pix apresentem um potencial significativo para transformar o sistema de pagamentos no Brasil, é fundamental que os desafios mencionados sejam enfrentados com seriedade. Segurança, inclusão, regulação e adaptação do mercado são pilares que precisam ser trabalhados em conjunto para garantir que o Pix continue a ser um agente de inovação e de acesso à economia para todos os brasileiros. Somente assim será possível desfrutar de todas as vantagens que esse sistema pode oferecer, construindo um futuro financeiro mais inclusivo e seguro.
José Carlos Menezes é gerente de Produtos da C&M Software.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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