Os dados do desempenho econômico de curto prazo surpreendem especialmente os mais céticos e hipercríticos, mas eram previsíveis pelo conjunto de indicadores que envolvem a redução do desemprego, a evolução da renda real, a queda da inflação, especialmente dos alimentos, a sinalização da queda da Selic e, como consequência de tudo isso, a melhoria do índice de confiança dos consumidores.
Isso apesar dos dados não tão positivos do lado do crédito para pessoas físicas, que envolvem a elevada taxa de juros, a inadimplência e o nível de endividamento das famílias, todos eles praticamente nos mesmos patamares anteriores ou com leve declínio. Com exceção das taxas de juros do rotativo dos cartões que, de forma quase provocativa no ambiente atual, continuam a crescer.
O desempenho econômico do 2º trimestre deste ano, comparado ao do 1º trimestre, colocou o Brasil como 7ª colocado no ranking de melhor desempenho no PIB nesse período em termos globais. E estimula a visão, expressa pela agência Austin Rating, de que o país possa voltar ao grupo das dez maiores economias do mundo ainda este ano em projeções dos indicadores do FMI.
As projeções para o desempenho do ano avançam e superam as que foram feitas no final do ano passado e, em muito, as do início deste ano.
Interessante que todas aquelas previsões que foram determinantes de um comportamento excessivamente cauteloso, gerador de descrença e retração de investimentos, não são agora lembradas para que se cobre coerência de quem as fez. Sempre haverá o argumento de que esse pessimismo exacerbado estimulou medidas de cautela que agora mostram sua eficácia.
Mas a realidade é que a evolução levemente positiva do conjunto de fatores baseada nos dados econômicos de curto prazo tem raízes evidentes em ações iniciadas em períodos anteriores, em especial no rigor com que se tratou a questão da inflação, principal elemento corrosivo de desempenho de uma economia e que foi global e fortemente impactada pelas questões que envolveram a pandemia no mundo.
Isso apesar dos danos de curto prazo gerados pelo período eleitoral, a polarização que marcou o período e a divisão que o país ainda vive revolvendo o passado.
Mas, como sempre, é lembrado que o país é maior que suas crises.
Só não podemos nos conformar com isso.
Não podemos nos conformar com o soluço do crescimento econômico de curto e médio prazos, contentando-nos com a visão simplista do que é bom para a próxima eleição.
Não podemos nos conformar com a persistência das desigualdades e a perda de oportunidades para um crescimento mais sólido e consistente.
Não podemos nos conformar com a persistência da informalidade que gera distorções, reduz empregos e inibe o crescimento sustentável.
Não podemos ignorar que carecemos de um Projeto para a Nação, que integre a visão de todo o país e considere os movimentos geopolíticos globais e a nossa realidade com um balanço equilibrado de nossos ativos e passivos.
Que considere na conta dos ativos tudo aquilo que herdamos e o que temos construído apesar das dificuldades. E, na conta do passivo, as desigualdades, os temas sociais, a educação e a segurança.
Só teremos evolução sustentável se pudermos abraçar um Projeto para a Nação que nos encaminhe para um outro futuro.
Projetos ambiciosos de longo prazo têm a virtude de convergir na sua visão pois, na maioria das vezes, o que nos separa são as divergências políticas e partidárias do curto prazo.
Buscar de forma equilibrada a convergência possível para a construção de um projeto de longo prazo é um grande desafio. Mas não precisamos sair do zero. Existem propostas bem estudadas e elaboradas que podem ser ponto de partida se analisadas de forma ampla, aberta, plural e isenta.
Um desses trabalhos é o projeto Brasil 2034, proposto pelo MBC – Movimento Brasil Competitivo, organização privada e apolítica que coordenou o desenvolvimento desse trabalho realizado com apoio da FGV que merece ser lido, avaliado e considerado (clique aqui para conhecer o projeto). E sempre com tópicos que podem e devem ser ajustados pela dinâmica das mudanças que ocorrem continuadamente.
Por ser algo criado com uma visão sem nenhum envolvimento de política partidária, pensando no melhor para a Nação no longo prazo e tendo sido estudado, ponderado e bem embasado, é um excelente ponto de partida para unir o setor empresarial em seu alinhamento nos grandes temas nacionais.
E se tornou crítico unir o setor empresarial em defesa das crenças liberais e da economia de mercado num momento em que esses valores estão tão ameaçados.
Vale conhecer, avaliar e refletir.
Nota: Esses novos e importantes elementos que impactam a transformação do varejo e do consumo também serão apresentados e debatidos com 225 palestrantes para os mais diferentes canais, categorias, formatos e modelos de negócios do varejo e do consumo no Latam Retail Show e mais as 10 pesquisas e estudos inéditos que serão apresentados e que têm como tema central “Back to the Future”, de 19 a 21 de setembro, em São Paulo. Conheça mais clicando aqui.
Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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