Desde 2019, quando cofundamos o movimento Franchising Consciente, em parceria com o Instituto Capitalismo Consciente Brasil, temos tido um olhar mais aprofundado para as questões que envolvem os temas de ESG no Brasil e no mundo. E, cada vez mais, temos um olhar para as questões que envolvem o tratamento com nossos stakeholders.
Quando falamos sobre nosso propósito de “desenvolver empresas, multiplicar sucesso e realizar sonhos”, estamos considerando o nosso impacto, não apenas em nossos clientes, mas também na sociedade e nas comunidades que irão se desenvolver a partir da escalabilidade dos negócios que apoiamos ao longo dos anos. Então, de forma clara, fazem parte do grupo que nos afetam ou que podem ser afetados por nossa empresa, e, portanto, importantes para o nosso negócio.
Recentemente, ouvi sobre o termo “jogo de soma zero” e isso me deixou com alguns ecos. Em nossa sociedade, sempre tivemos o conceito de que para alguém ganhar, o outro necessariamente vai perder. Isso gera um tremendo senso de individualismo e competição na sociedade, e as desigualdades acabam sendo ferramentas para dividir as pessoas.
E esse comportamento/mentalidade reverbera nas empresas que também tiveram (e ainda têm) que passar pela transição da mentalidade de geração de valor para os acionistas e os stakeholders.
Sempre somos encorajados a ir atrás de nossos interesses individuais, mas a mágica acontece quando a soma das duas partes se torna positiva. A geração de valor entre os elos da cadeia passa a ser mútua e a superação de barreiras acontece quando um sobe e puxa o outro, criando o que já chamaram de um “dividendo de solidariedade”. E isso destrava uma imensidão de novas possibilidades.
Um bom exemplo são as empresas que investem de forma intencional em ter a diversidade representada em seus times. As diferentes origens e repertórios trabalhando juntos com um objetivo comum e a consciência de que as questões que impactam um grupo podem trazer mudanças significativas para a cultura da empresa e os resultados. Disposição para ouvir, aprender e reconhecer que cada um tem um papel importante para o todo cria um ambiente mais colaborativo e engajado.
Outro exemplo que fala com nosso core business é a relação de interdependência entre franqueados e franqueadores, onde ambos têm poder de influência no negócio do outro e são parceiros de alto valor. Um franqueador não vende apenas uma franquia. Ele estabelece um novo relacionamento de longo prazo em que a moeda vai muito além de um contrato e de taxas do sistema.
O franqueado não investe apenas em um negócio. Ele acredita no conhecimento e na reputação da marca e conta com o franqueador para ter sucesso e fazer acontecer na prática a estratégia de expansão da marca. A relação se estabelece com altas doses de transparência, empatia, cuidado e acolhimento. E é com esse direcionador que estamos cada vez mais empenhados em desenvolver um franchising mais consciente e colaborativo.
Com a adoção dessa mentalidade de colaboração, abrimos as possibilidades para que as empresas tenham mais resultado e de forma sustentável. Engajamento e respeito pelos seus stakeholders geram não apenas lealdade dos consumidores, mas também fortalecem a reputação e o valor da marca. Ao final, todos saem ganhando em um jogo de soma positiva.
Caroline Bittencourt é diretora de Relacionamento e Experiência do Grupo Bittencourt.
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