Um estudo realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que, caso o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) seja encerrado, até R$ 244 bilhões por ano deixarão de ser injetados na economia nacional. Nesta quarta-feira, representantes do setor se mobilizam em Brasília em protesto contra a extinção do benefício por meio de uma medida provisória que Fernando Haddad, ministro da Fazenda, tenta aprovar.
O Perse foi criado em 2021 para auxiliar os empresários do setor de eventos durante a pandemia de covid-19 e reduziu a zero o pagamento dos tributos federais por um prazo de 5 anos – de março de 2022 até fevereiro 2027.
“O Perse, desde seu início, desempenha um papel muito importante para ajudar a manter o setor vivo. No entanto, é importante lembrar que ainda não houve uma recuperação total do impacto causado pela pandemia nessas indústrias”, Heloísa Santana, presidente da Associação de Marketing Promocional (Ampro).
Em uma nota estimativa, a Receita Federal apontou perdas tributárias entre R$ 17 e R$ 32 bilhões entre 2021 e 2023 – até 13% do valor que pode deixar de circular não apenas no turismo, mas em todos os setores. A pesquisa indica, ainda, que, para cada R$ 10 mil de faturamento a mais, o salário do trabalhador brasileiro pode aumentar R$ 18,8.
O estudo, elaborado pela Diretoria de Economia e Inovação (Dein), foi apresentado na tarde desta terça-feira, 6, durante reunião do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da CNC, na sede da Confederação, em Brasília. Participaram empresários do setor, representantes das Federações do Comércio de todo o País, bem como parlamentares que apoiam a causa. No encontro, as lideranças assinaram um manifesto que será entregue durante ato público nesta quarta-feira, 7 de fevereiro, na Câmara dos Deputados.
“A pandemia assolou o setor de eventos, principalmente, o nosso, que é de live marketing. Fomos o primeiro a parar e o último a retornar”, afirma Eduardo Andrade, CO-CEO da agência AKM Performa. “Para nós, 2023 foi um ano de retomada, estamos reconstruindo”, complementa.
Mais turismo, mais desenvolvimento e menos violência
Conforme os dados, antes da pandemia, o setor de turismo crescia em uma taxa próxima a 6% ao ano. Após a instituição do Perse, essa taxa saltou para 30%, o que mudou a trajetória não apenas do turismo, bem como de importantes indicadores sociais. O estudo revela que, para cada 1% de aumento no valor adicionado pelo setor de turismo na economia em geral, há o aumento de 0,9% no Produto Interno Bruto (PIB).
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o turismo é um dos impulsionadores do desenvolvimento brasileiro. Tadros salienta que, dos dez estados com atividade turística mais intensa, seis estão no Nordeste (Sergipe, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia) e um no Norte (Amapá). No entanto, esses estados têm menos de 3% de participação cada um no PIB nacional.
“O turismo pode ser um divisor de águas na melhoria das condições de vida de uma região inteira, e a resposta certa, definitivamente, não é reduzir investimentos”, afirma o presidente da CNC.
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