Responsável por democratizar as maquininhas de cartão no País, levando a tecnologia até camelôs, feirantes e pequenos comerciantes que antes não tinham acesso a esses equipamentos, a Transire mira a internacionalização e prepara um IPO (oferta pública inicial) na busca recursos para acelerar e consolidar sua presença global.
“Eu criei a maquinha pequenininha, que revolucionou o mercado de pagamento. Hoje, 100% das empresas possuem uma máquina nossa. Agora quero internacionalizar a empresa e fazer um IPO. Esse é o meu novo sonho”, diz Gilberto Novaes, fundador e CEO da Transire Eletrônicos, durante o Transire Day, evento de lançamento de soluções de automação e meios de pagamento da marca.
Durante o evento, Novaes explicou que a decisão de retomar o nome Transire e reposicionar a TecToy como uma divisão de games dentro do grupo visa fortalecer a identidade corporativa e focar no core business que realmente transformou o mercado: a democratização dos meios de pagamento no Brasil, com uma indústria 100% nacional.
“A empresa que me trouxe até aqui chama-se Transire. É dela que eu tenho que ter orgulho. Além disso, a gente perdia muito tempo explicando que a TecToy não era só videogame, que era maquininha também”, explica.
Transformação do mercado
Com soluções de automação e meios de pagamento baseadas em plataforma aberta Linux e sendo responsável por introduzir o sistema Android no mercado, a Transire busca flexibilizar a integração com sistemas bancários, além de permitir melhor gerenciamento de estoque, parte financeira e logística.
A estratégia de expansão da marca segue pelo investimento em inovação. “Estamos tentando criar uma solução disruptiva novamente. Vou, de novo, transformar o mercado de meios de pagamento”, diz Novaes.
Entre os destaques apresentados no Transire Day, está o Fastdev, um software que pode ser usado em diferentes modelos de terminais e fabricantes, simplificando a implementação para os bancos e otimizando recursos.
A empresa também lançou soluções integradas para diferentes perfis de clientes e necessidades do mercado, incluindo mais de 6 ODMs provenientes de parcerias com fornecedores da China.
Para Novaes, nos próximos cinco anos, o processador será um fator fundamental para o desenvolvimento e aprimoramento desses equipamentos. A capacidade de processamento garantirá mais velocidade, segurança e eficiência nas transações, impulsionando ainda mais a revolução no setor de meios de pagamento.
Solução completa
A popularização de dispositivos Android tem aberto oportunidades para as software houses, que buscam adaptar suas soluções para atender às demandas de estabelecimentos comerciais que utilizam equipamentos smart.
Embora os equipamentos de ponto de venda (PDV) inteligentes estejam cada vez mais acessíveis, o software que os acompanha precisa estar em constante atualização para garantir uma solução completa para os estabelecimentos comerciais.
O Projeto ACBr (Automação Comercial Brasil), com sua proposta de código aberto, tem permitido que milhares de empresas, desde pequenos comércios até grandes redes, modernizem suas operações. Já são mais 135 mil usuários ativos, com uma base de 5 mil acessos diários, no Fórum ACBr, e mais de 18 mil com acesso ao servidor de Discord.
Voltado a software house, o ACBR Pro já conta com mais de 1,5 mil empresas cadastradas e mais de 3 mil contratos ativos. “Considerando que cada software house atende, em média, 100 estabelecimentos comerciais, o impacto do ACBr Pro ultrapassa 300 mil estabelecimentos comerciais, um número que reflete sua relevância no mercado”, destaca Daniel Simões, CEO e fundador do projeto ACBr.
Transformação dos meios de pagamento
O avanço das soluções digitais nos meios de pagamento, como Pix, carteiras digitais e aproximação, tem exigido que empresas do setor financeiro adotem inovações tecnológicas que garantam uma experiência fluida e eficiente, atendendo às novas expectativas dos consumidores e impulsionando a competitividade no mercado.
Em painel realizado no Transire Day, Anderson Cicotoste, CIO Grupo PinBank, acredita que o Pix não veio para substituir os meios de pagamento tradicionais, mas para ampliar as oportunidades. “É uma maneira de digitalizar o dinheiro, e estamos aproveitando essa oportunidade para oferecer mais serviços aos nossos clientes”, diz.
Alexandre Magnani, CEO do PagBank, acredita que a facilidade trazida pela instantaneidade nas transações financeiras impulsionou a inclusão financeira, levando muitos consumidores a abrir contas digitais para aproveitar essa nova forma de transação. “O mercado de meios de pagamento tem muito a crescer. O Pix complementa os cartões e está ajudando a transformar a indústria. Estamos vendo novas formas de transação surgindo e simplificando a experiência do cliente”, disse.
Além das oportunidades que o Pix pode trazer, José Clemenceau, diretor de Negócios do SafraPay, destaca os desafios do meio de pagamento. “É um fenômeno que está amadurecendo rapidamente. Precisamos de soluções tecnológicas para entregar valor ao cliente”, explica. Ele também alertou para os riscos associados, como a pressão sobre as margens dos lojistas no Pix Crédito. “O risco do Pix no crédito está na questão de o lojista receber à vista e pagar juros ou, no caso do pagamento a prazo, correr o risco de inadimplência”, afirma.
Carlos Alves, vice-presidente de Tecnologia e Negócios da Cielo, também destaca a importância da tecnologia para superar desafios como cartões recusados e fraudes, além de melhorar a conversão de clientes. Ele compartilhou dados de pesquisas que indicam que, para compras abaixo de R$ 120, 60% dos clientes preferem pagar via Pix. “Cada vez mais, a experiência do cliente exige conveniência, e isso inclui a integração com o meio de pagamento”, diz.
Larissa Féria
Imagem: Mercado&Consumo