A rede de restaurantes Madero, famosa pelos hambúrgueres, conseguiu pagar suas dívidas bancárias e reduzir o endividamento em 24%, encerrando junho com dívida líquida de em R$ 668,8 milhões. Com a melhora, o grupo já planeja retomar a expansão da rede em 2025, mas em ritmo menor do que tentou no passado.
O grupo teve lucro líquido de R$ 44 milhões no primeiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 28 milhões no mesmo período de 2023. A receita líquida ficou em R$ 497 milhões no segundo trimestre, aumento de 20,9% em 12 meses. O Ebitda Ajustado, que mede o lucro antes dos impostos, juros e amortizações, foi de R$ 152 milhões.
Para conseguir melhorar a dívida, que tem sido um problema para o grupo desde a pandemia, o Madero emitiu no mês passado R$ 500 milhões em notas comerciais. Comprados por cinco bancos – BTG Pactual, Santander, UBS BB, Bradesco e Itaú – os papéis têm prazo de cinco anos.
Com esses recursos, o Madero fez o pagamento antecipado de toda a dívida bancária da companhia, que em 30 de junho somava R$ 423,2 milhões, e usou o restante para reforço de caixa.
Na emissão, conseguiu reduzir a taxa de juros que pagava, da variação do CDI mais 6,5% para CDI mais 3,85% inicialmente, com redução progressiva até a variação do indicador mais 2,75% a partir de abril de 2025. Já o prazo subiu de 2,4 anos para 3,2 anos. “Chegamos para os bancos e falamos que nosso juro era muito alto e eles concordaram conosco”, disse o diretor financeiro da empresa, Ariel Szwarc. As conversas com os bancos foram coordenadas pelo BTG.
A alavancagem do grupo, medida pela relação entre dívida líquida e o Ebitda, que chegou a superar 15 vezes em 2020, caiu para 1,31 vez ao final de junho. “O índice de endividamento está nitidamente despencando”, afirmou Szwarc.
Freio na expansão
A piora das dívidas do Madero veio de um plano agressivo de abertura de lojas, afetado pela pandemia. Com isso, o grupo reduziu investimentos. “Tomamos muitas ações para segurar a expansão porque queríamos priorizar segurar a dívida.” Com isso, começou a gerar caixa, dinheiro que está sendo usado para pagar os juros das dívidas.
A rede de restaurante encerrou junho com 275 lojas, incluindo 96 da própria marca Madero, 88 do modelo contêiner, comuns em rodovias e grandes avenidas, e 81 da marca Jeronimo, de comida mais rápida.
Szwarc afirma que a companhia deve retomar a abertura de lojas entre o segundo e o terceiro trimestres de 2025. Para ele, é importante manter os resultados financeiros equilibrados por mais alguns trimestres para ter segurança de financiar a expansão, mais moderada, com caixa próprio. Antes da pandemia, a empresa chegava a abrir mais de 40 lojas por ano. “Provavelmente vamos um pouco mais devagar”, disse o diretor.
O fundador e CEO da rede, Junior Durski, disse que no processo de buscar a saúde financeira da empresa teve de redirecionar sua energia, que antes vinha da expansão, para a eficiência operacional. “No começo do ano passado, 21 lojas tinham margens não satisfatórias, muito baixas. Trabalhamos muito na solução disso e hoje não temos nenhum resultado com margem insatisfatória. Todos os 275 são muito bons”, disse.
Durski explica que este processo se deu na gestão de bandeiras, mudando alguns pontos de venda de uma marca para outra; e analisando dados específicos, como o índice mais alto que o desejado de troca de profissionais (“turnover”), que foi baixado para os patamares históricos.
Abertura de capital
Sobre a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês), que já tentou em 2021, o Madero afirma estar pronto agora, e já tem registro de empresa aberta. Mas Junior Durski disse que não quer fazer um IPO a qualquer preço e a rede vai esperar o momento certo. “Desejamos muito fazer um IPO, mas não precisamos fazer um IPO”, disse o fundador.
Com informações de Estadão Conteúdo
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