Por Marcos Hirai*
Fazer carreira no varejo era, há algum tempo, uma ocupação temporária e dificilmente fazia parte do objetivo de carreira dos jovens. Quem trabalhava no varejo era muitas vezes visto como “alguém que não teve outra oportunidade na vida”. Mas já faz alguns anos que o varejo deixou de ser coadjuvante para ser protagonista da economia brasileira, além de maior empregadora.
Fazendo um retrospecto, há cerca de 20 anos o varejo era dominado majoritariamente por redes familiares, informalidade, lojas desorganizadas, pouco informatizadas, gestão baseado no feeling do dono, amadorismo e pouca atenção para a organização e aparência das lojas e da exposição de produtos.
Beneficiado pela estabilidade da moeda, pelo incremento das políticas sociais e com o consequente ingresso de 40 milhões de novos consumidores (classe C), o varejo ganhou fôlego para se preparar para crescer e consequentemente evoluir. Redes internacionais ingressaram no Brasil, adquirindo redes ou comprando participações e trazendo na bagagem tecnologia e conceitos avançados de gestão e organização. A popularização do cartão de crédito e o cerco à sonegação de impostos pelo governo somados ao crescimento do sistema de franquias e da forte proliferação dos shopping centers nas cidades brasileiras completam o quadro.
Num panorama como este, o patinho feio começou a virar cisne e muitos jovens começaram a pensar seriamente em trabalhar no varejo e fazer carreira! Sim, agora o varejo se profissionalizou e ganhou um outro status. Trabalhar em varejo oferece um rol de oportunidades, com bons salários e desafios iguais ou superiores a de qualquer outro segmento da economia.
Mas um problema aflige o varejista – a falta de mão de obra qualificada. Num segmento acostumado a promover “gente de casa”, como o empacotador, que vira caixa, que vira gerente, que vira supervisor, que vira comprador, que vira diretor; agora precisa contar com profissionais e executivos mais preparados para a concorrência cada vez maior e com os desafios impostos pelas margens de lucros cada vez mais apertada e consequente aumento de eficiência. A presença dos players globais também exige esta qualificação.
Como alternativa de qualificação profissional nesse nicho, a Universidade Presbiteriana Mackenzie possui o curso de MBA de Expansão do Varejo, com início de turmas em maio. Serão 512 horas ministradas em dois anos de curso, que conta com executivos varejistas brasileiros entre os professores.
*Marcos Hirai (marcos.hirai@bgeh.com.br) é sócio-diretor da BG&H Retail Real Estate