Se buscássemos um conceito que pudesse ser autoexplicativo do que possa significar metaparcerias, o lançamento da criptomoeda Libra do Facebook não poderia ser mais oportuno para nos ajudar.
Ao criar um arco global de alianças para além da base de 2,6 bilhões de usuários do Facebook e com 27 empresas nas áreas de investimentos, social media, blockchain, telecomunicações, e-commerce, transporte compartilhado, música, viagens, pagamentos e até organizações sem fins lucrativos e reunindo negócios como Mastercard, Visa, Uber, Spotify, PayPal, Mercado Livre, eBay, Vodafone e outras, temos a mais exata configuração do que possa ser uma metaparceria.
Na sua essência, é uma proposta que reúne parceiros, apoiadores, prestadores de serviços, integradores e até, de certa forma, concorrentes para gerar algo único e que possa transformar a realidade estrutural se impondo de uma maneira tal que até mesmo obrigue legisladores e autoridades a repensarem conceitos, práticas e a própria legislação, em última análise, tal a força potencial da nova realidade criada.
E a motivação não poderia ser mais explícita do que a que foi criada na China, com os super aplicativos de pagamentos, serviços e redes sociais We Chat e Alipay que subverteram a ordem de mercado ao colocar tanto poder nas mãos dos omniconsumidores, mas, principalmente, colocarem um poder muito maior nas mãos dos Ecossistemas de Negócios Alibaba e Tencent, seus criadores, permitindo que esses conglomerados alcançassem valor de mercado entre US$ 436 e US$ 454 bilhões em apenas vinte anos.
Mas não tinham ido tão longe criando uma moeda. Uma criptomoeda. O que agora o Facebook propõe.
Para efeito de comparação, o maior varejista do mundo, Walmart, com mais de 2,2 milhões de funcionários, 11.400 lojas globalmente e 57 anos de existência tem valor de mercado atual de US$ 320 bilhões, assim como quase todos os maiores varejistas do mundo ainda não têm um superaplicativo próprio de pagamentos. Poucos se deram conta e conseguiram viabilizar um aplicativo que se torne relevante em seus negócios.
O efeito leapfrogg desta vez veio com uma Plataforma Exponencial, como Facebook, ao saltar por cima do conceito de super apps de pagamentos, de tecnologia disponível, para lançar a própria moeda com transação potencial global que possa ser embarcada em qualquer super apps.
E para fazê-lo relevante e protagonista no momento zero, aliou-se numa metaparceria com empresas relevantes em seus segmentos, com amplas bases de consumidores, para tornar o fato caso que irreversível e potencialmente dominante. E que os legisladores e controladores do mercado financeiro encontrem agora alternativas para enquadrar o que está proposto. A metaparceria já está aí.
A reflexão precipitada
Se até o Facebook com 2,6 bilhões de usuários no mundo e valor de mercado de US$ 500 bilhões foi se compor para lançar algo realmente disruptivo, porque outros negócios, empresas, propostas, conceitos não deveriam se abrir para buscar compor para se tornarem relevantes antes de serem ultrapassados?
Parece não haver muita dúvida que o cenário global atual e futuro pressupõe uma profunda transformação nas formas mais tradicionais e ortodoxas de pensar, estimulando a heterodoxia das combinações até mesmo improváveis das metaparcerias em busca de um espaço relevante e mais perene no mercado.
* Imagem reprodução