Ano a ano, a National Retail Federation Big Show vinha apresentando o tema foodservice como um pequeno recorte dentro do evento. Porém, nesta edição, a estrutura está mais ambiciosa e promete muito mais.
Esta será a minha quinta participação no evento e, estudando o material do que iremos encontrar na área de feira, duas frases me chamaram a atenção: “Como o foodservice está remodelando a experiência de varejo” e “Qualquer espaço comercial pode ser um espaço para foodservice.”
A primeira frase é uma confirmação de muitos conteúdos que já compartilhei nessa coluna, falando sobre as operações integradas desde o varejo alimentar a livrarias, moda, móveis, entre outros, e sua importância para as estratégias ligadas à hospitalidade, relacionamento com o cliente e consolidação de ecossistemas de negócios.
A segunda, para mim, é extremamente provocativa. Será que isso é uma verdade? Uma operação de foodservice é tão simples que qualquer um consegue operar com sucesso?
Claro que essa é uma máxima e cabe reflexão sobre complexidade, modelo de negócios, sistema de abastecimento, dentre outros. Muitos varejistas querem modelos exclusivos, porém, outros estão abertos à criação de collabs e esse pode compor um novo caminho de expansão para redes independentes, especialmente para redes de franquias. Mas, isso fica para outro artigo.
E por que os varejistas americanos têm achado fácil operar foodservice? Eles estão usando dados da sua base para entender comportamentos de compra de alimentos e aprender mais sobre seus clientes. Ou seja, toda sua potência de big data para ampliar seu entendimento da jornada da vida dos clientes, uma vez que a frequência de consumo de alimentos é maior do que itens regulares da maioria das operações de varejo. Os clientes que ainda não faziam parte do big data, e entram a partir da alimentação, passam a ter o seu perfil estudado para consumo dos demais produtos da empresa.
Entre os destaques do que veremos na feira estão o uso de robótica e a automação de sistemas para checkout, equipamentos inteligentes para a preparação dos alimentos, robôs para controles de estoque, robôs preparando saladas ou montando pizzas.
Antes que alguém grite que isso gera despersonalização, falta de alma, impacta na qualidade do produto etc, é fundamental destacar que o varejo tem outros objetivos estratégicos ligados ao foodservice. A premissa é trazer a alimentação em espaços de varejo não apenas como uma novidade, mas, como um farol de modernidade eficiência e inovação. Forte não?
Operadores, indústrias e distribuidores do segmento devem ficar atentos e ampliar sua proatividade sobre tecnologia, pois esse movimento do varejo encanta cada vez mais os consumidores e torna os restaurantes, cafés, bares tradicionais, entre outros, mais vulneráveis em termos de atratividade, o que pode impactar o tráfego das operações.
O mercado de foodservice tem vivido intensas transformações: entrada de fundos de investimentos nos negócios, superação de inflação, evolução tecnológica durante a pandemia, redefinição do olhar sobre a alimentação saudável, além de tantos outros desafios. Mas, o fato é que o consumidor é dinâmico e somente a contínua evolução dos modelos de operação do foodservice é irá garantir sua perenidade.
As expectativas são enormes sobre a NRF Big Show não só em relação à feira, mas também sobre o congresso que trará grandes nomes de empresas como Pepsico, Five Guys, Magic Johson Enterprises, PF Changs, Amazon, dentre outras gigantes.
Agora é ouvir, aprender e transformar em conhecimento estruturado para dividir com vocês em breve.
Até o próximo!
Cristina Souza é CEO Gouvêa Foodservice
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo
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