Os movimentos sociais nos ensinam muito. A mim sim, e principalmente àqueles que não avisam ou atendem as previsões do comportamento humano.
Estes movimentos imprevisíveis, forçam a sociedade a encarar seus pênaltis, suas incoerências, de forma frontal, escancarada e exigem muita reflexão!
Estamos em meio a pandemia global onde somos todos obrigados a repensar hábitos, valores, higiene, prioridades, ritmo de vida, apegos, compaixão ao próximo, propósito, equilíbrio físico e emocional. Parece bastante, sim? Porém, de repente… como se o tsunami não fosse suficiente, surge o furacão George Floyd.
Como disse sua própria filha, em aparição pública: “…ele deve estar feliz, pois mudou o mundo!” Ele escancarou em escala global os nossos preconceitos, nossa imperfeição, as diferenças de oportunidade, a nossa tolerância a desigualdade social e forma pouco solidária com que normalmente encaramos as coisas, a nossa incivilidade.
Agora, vem a pergunta: Como estes movimentos sociais impactam o mercado? O que tudo isso tem a ver com o nosso varejo? Resposta: Tudo!!!
O varejo de certa forma é espelho de uma sociedade. Varejo e consumo refletem as necessidades e os desejos das pessoas. Sociedade essa, que exposta a tão “muvucado” contexto começa a se questionar, e de alguma maneira a olhar-se para este espelho de maneira diferente, e em algum momento do tempo, essa mesma sociedade não se reconhece mais.
Ela anseia por mudanças, e também por um varejo diferente! Um varejo com genuíno propósito! Um varejo onde o propósito faça parte do “core”, da essência, da estratégia a execução das vendas e que as evidências sobre isso, sejam verdadeiras.
Já se sabe e muito se lê sobre o quanto as pessoas/consumidores – globalmente – estão mais engajados e propensos a considerar empresas ou marcas que cuidam das pessoas e do planeta.
A Covid-19 está acelerando algumas tendências, e para o varejo, vem criando seu novo “normal”: digitalização, consciência do bem estar social, consumo redundante em baixa, maior cuidado com a saúde, online shopping…
E o George nos tornou mais conscientes que tem algo bem errado por aí…
Ou os negócios são redesenhados a respeitar, contribuir em evoluir essas relações com o planeta e TODOS os seus habitantes ou elas serão parte do passado (ainda bem!).
Expressões e lamentos não dão mais conta do recado. A sociedade exige posicionamento e atitude proativa. O Varejo Sustentável não tolerará o silêncio empresarial a todas estas questões, e elas poderão custar muito caro na perpetuidade e relevância das marcas e produtos.
Por outro lado, aquelas empresas ou negócios que se posicionam tão pouco estão livres de reações contrárias, um exemplo interessante foi a Nike – que em 2018 tentou abrir este caminho – com o jogador Colin Kaepernick, da NFL, a liga de futebol americano, que dividiu a opinião pública naquele momento, ao ajoelhar-se durante a execução do hino nacional americano, em protesto contra a violência policial, quem diria, hoje a Polícia repete esse mesmo gesto em apoio a igualdade e solidariedade!
Quando os anúncios foram lançados, pessoas ameaçaram queimar seus tênis, a hashtag #BoicoteNike foi parar nas listas de mais usadas no Twitter e as ações da empresa caíram 3%. Entretanto, depois da campanha, as vendas subiram, e desde então as ações se valorizaram 30%.
No fundo no fundo, queremos mais justiça, menos desigualdade, mais civilidade e educação, tudo isso em um planeta menos poluído!
A pandemia nos impõe novos modelos de vida e prioridades.
George Floyd nos impõe mais justiça e menos desigualdade.
Dica do dia: Assuma uma posição que acredite, ocupe um lugar genuíno e que lhe aproxima ao seu propósito e boas vendas!
NOTA: A GS&Consult, consultoria de negócios do grupo Gouvêa de Souza atua da Estratégia a operação dos negócios apoiando as empresas a redirecionarem seus planos estratégicos de forma ágil e transformadora l Jean Paul Rebetez (jean.rebetez@gsmd.com.br)
* Imagem reprodução (Chandan Khanna/AFP)