O período de preparativos para a Páscoa costuma mobilizar grande quantidade de trabalhadores temporários nas indústrias e no comércio. A expectativa é que a data contrate de 50 mil a 55 mil funcionários, segundo dados da Fenaserhtt (Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de Recursos Humanos, Trabalho Temporário e Terceirizado).
O consultor da Asserttem (Associação Brasileira do Trabalho Temporário) Marcelo Souza afirma que, quanto mais próximo da Páscoa, maior a quantidade de trabalhadores deslocados da indústria para o varejo.
Os números da federação mostram que há 14 mil vagas em aberto, sendo 12 mil para o comércio e apenas 2.000 para a indústria.
— O brasileiro sempre deixa para comprar na última hora. O último final de semana antes da Páscoa é o de maior vendas do varejo, que vive do momento. Ninguém vai perder vendas porque não tinha vendedor.
O especialista diz que a expectativa é que as vendas diminuam em relação ao ano passado, por causa dos impactos da crise econômica.
— A Páscoa é um evento de vendas, de varejo e de mercado interno. A gente pode atribuir a queda de vendas à crise que vivemos no ano passado e que não houve recuperação do poder de compra até agora.
O presidente da Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados), Ubiracy Fonseca, complementa que, mesmo que haja expectativa da redução das vendas, a contratação de temporários durante a crise é um ponto positivo para a economia do País.
— Podemos afirmar que a contratação de 25 mil empregados temporários aquece a economia em meio à crise econômica. Além disso, em muitos casos, ocorre a contratação das pessoas que apresentam bom desempenho após este período, tanto na cobertura de férias quanto no caso de aumento de produção e substituição do turnover normal das empresas.
Além de movimentar a economia, os trabalhos temporários funcionam como uma forma de capacitar a mão de obra. Marcelo explica que as empresas costumam contratar tanto pessoas em idade ativa, jovens e idosos, pessoas que normalmente encontram dificuldades para se reinserir no mercado.
— O mercado de trabalho é uma grande forma de capacitação da mão de obra jovem. Para a primeiro emprego é muito legal, porque ajuda a formar. Também é legal para a terceira idade, porque é um período curto de trabalho.
Direitos dos trabalhadores
Mesmo que o contrato para trabalhadores temporários seja diferente dos funcionários em regime CLT, todos os trabalhadores possuem direitos a serem cumpridos, segundo a lei trabalhista.
O representante da Asserttem explica que muitos trabalhadores entram em vagas temporárias ilegais e, por isso, não têm os direitos garantidos. No entanto, ao ser contratado dentro de uma empresa, o funcionário tem direito à INSS, férias, FGTS, 13º proporcional ao tempo de trabalho do contrato.
— O profissional é registrado na carteira de trabalho. A única coisa que difere dos trabalhadores CLT é que a multa do FGTs não existe, porque o tempo do contrato é previsto.