Segundo a lenda, o matemático, físico e filósofo Galileu Galilei teria murmurado esta frase em 1633, após ter sido obrigado a renegar diante da Inquisição, sua tese de que a Terra se moveria em torno do Sol.
Em tradução livre, mas, se move. Talvez se aplique à nossa realidade econômica no momento, apesar da enorme frustração dominante em relação às expectativas que foram anteriormente geradas.
Parcialmente controlados os surtos generalizados de incontinência verborrágica dominantes nos primeiros momentos do novo governo, um pouco melhor equilibradas as relações do Executivo Federal com os demais poderes e todos um pouco mais conscientes que entre sonho e realidade existe uma enorme distância física e temporal, estamos nos movendo na direção próxima do aceitável, apesar da velocidade ser a possível e muito longe de ser a desejável.
Especialmente nas últimas semanas parece que estamos nos aproximando de um novo eixo de equilíbrio que pode contribuir para um avanço, ainda que limitado, em direção ao equacionamento dos pontos críticos que demandam solução para viabilizar uma nova ordem econômica com alguma contribuição por conta da cortina de fumaça que o caso Neymar Jr. gerou no noticiário.
O fato é que baixou o nível de fervura e a dúvida é se se trata de algo pontual ou uma nova etapa no quadro geral de relacionamento entre agentes e entidades envolvidas nos grandes temas nacionais.
A economia, o mercado, o consumo e, consequentemente o varejo, avançam em ritmo quase parando, mas avançam, porém não contribuindo em praticamente nada para a redução do desemprego e a retomada econômica. A principal razão é o quadro generalizado de desconfiança e cautela ante as indefinições que persistem.
Mas diversas iniciativas estruturais são colocadas, em sua maioria na direção correta pela construção de um país mais moderno, liberal e tentando remover o entulho intervencionista do passado.
A questão maior é o tempo envolvido no encontro do ritmo adequado e correto para promover a transformação que inspire confiança e, consequentemente, maiores investimentos externos e internos e que possa equacionar o dramático quadro de desemprego. Sem nunca esquecer que temos uma mudança estrutural nessa questão que envolve o crescimento do empreendedorismo individual, por contingência ou opção.
A perspectiva que se desenha com a evolução positiva de uma Reforma da Previdência, mais ou menos ambiciosa, ampla ou limitada, dará o tom definitivo de todo o período.
Dependendo de sua extensão o setor privado reagirá em intensidade proporcional, trazendo consigo a mudança do humor do mercado e do consumidor e, consequentemente, a desejável retomada econômica em ritmo adequado.
Mas enquanto isso uma série de medidas tem contribuído para uma percepção positiva do cenário, em especial nos temas ligados à privatização, concessões, desburocratização, simplificação, modernização e digitalização. É um alento positivo que mostra que é possível avançar em meio ao nevoeiro.
A constatação, frustrante, é que seria possível e desejável fazer tudo isso e um pouco mais em menor tempo e com menos desgaste, se os ânimos fossem outros e houvesse mais experiência, bom senso no trato dos temas nacionais aliados com maior capacidade de articulação. E, só para completar, com menos tempo dedicado a incitar os ânimos nas redes sociais.
Estamos nos movendo, é verdade, até na direção certa, mas o que não pode ser esquecido é que o mundo se movimenta ainda mais rápido, ampliando o fosso que nos separa dessa outra desejável realidade.
Mas, se move!
* Imagem reprodução