Os dados estão lançados e o diagnóstico é compartilhado por muitos. O ano de 2016 será um drama que deverá se desenvolver em três atos.
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O primeiro ato deverá durar o primeiro trimestre e o enredo será marcado pela indefinição no plano político, um “revival” do que vivemos em 2015, e que será pautado pelas questões, ações e decisões envolvendo a presidência da República e do Congresso.
Nesse primeiro ato, o País continua a andar para trás enquanto em Brasília, o Congresso, a Presidência da República, o STJ e mais outros tribunais buscam a solução legal para o que se criou de impasse. No plano do mercado a desconfiança, o crescimento da inflação, a redução do salario real, os aumentos de custos de transporte e mais aqueles associados ao início de ano permitem prever vendas menores e com evidente sacrifício de rentabilidade para manter as lojas e indústrias de consumo funcionando.
O fim do primeiro ato poderá ser antecipado pelas manifestações populares previstas para meados de março e que poderão desequilibrar o atual instável equilíbrio por trazer um elemento novo, talvez decisivo, para precipitar mudanças.
O segundo ato, como não poderia deixar de ser, deverá ocorrer durante o segundo trimestre e será marcado pelo fim do primeiro ato. Portanto, seu enredo, protagonistas e cenário estão quase que totalmente indefinidos. No plano de mercado, tanto poderemos ter o início de um período de distensão como também é possível um aprofundamento da crise, dependendo da solução política que ocorra.
Mas, como pior do que se projeta para o primeiro ato seja difícil de imaginar, tudo conspira para um certo alento no segundo período que terminará quando começarem as Olimpíadas que deverá mobilizar a pauta de assuntos na mídia e nas discussões.
O terceiro ato deverá começar logo após o termino das Olimpíadas e deverá durar todo o segundo semestre e será pautado, ainda, pelo final do primeiro ato e pelas eleições para as prefeituras que trarão as discussões para o plano dos assuntos locais e menos dos nacionais.
Neste momento, é possível imaginar que o processo de distensão se amplie, ainda que marcado pela baixa confiança do consumidor e empresarial – que poderá até evoluir em relação aos baixíssimos padrões atuais. Não teremos recuperação da renda e nem da massa salarial pelo lado das empresas e é possível que algo ocorra no âmbito das prefeituras, com os atuais prefeitos investindo em obras públicas para “ficarem bem na fita”.
Como os governos estaduais estão em situação periclitante em termos de receitas e tudo faz prever que esse quadro irá se agravar ao longo do ano, teremos a continuidade na busca desesperada de recursos para compensar a perda de arrecadação, especialmente do ICMS.
Desta forma algum alívio poderia vir de investimentos com apoio do Governo Federal, limitados pelo quadro econômico geral e também pela redução de arrecadação. Ou seja, quanto muito uma pequena ajuda pontual e setorial.
O drama de 2016 será daqueles que vamos preferir esquecer logo depois de passar por ele. Freud explica.
O que não dá para explicar é como um país com os recursos, capacidade, criatividade, iniciativas, potencial e condições ambientais excepcionais se vê prisioneiro de seu próprio enredo e fica à deriva por tanto tempo à mercê de líderes que traficam com a esperança, os sonhos e o futuro de mais de 200 milhões de habitantes.
Vale lembrar a célebre piada sobre a criação do mundo, quando a Deus foi perguntado por que ele alocava tantas benesses e recursos naquele espaço territorial destinado ao Brasil enquanto que para outras áreas ele direcionava tufões, maremotos, vulcões, invernos rigorosos ou extensos desertos, ao que ele teria respondido que aguardassem, pois veriam o povo que colocaria naquele espaço.
O tempo parece mostrar que o drama desenhado pelo Senhor não tinha como protagonista o povo que foi colocado no Brasil mas sim os políticos que seriam eleitos por esse povo.
Tudo não terás, teria dito o Criador.
Nota. A partir desta semana começam as atividades envolvendo o NRF – Big Show 2016 com o início de nossos trabalhos em Nova Iorque a partir desta quarta-feira e a abertura oficial do evento no próximo domingo dia 17. Nesse dia, no período da tarde, estaremos apresentando, junto com Rony Meisler, sócio e um dos fundadores da Reserva, o painel Os Millennials qurerem mais: marcas com propósito. Acompanhem as atividades do Grupo GS& em Nova Iorque através da TV Mercado & Consumo, nas redes sociais e pelos boletins da rádio Band News.
Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br) é diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza. Siga-o no Twitter: @marcosgouveaGS