Assessor de comércio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Peter Navarro acusou produtores brasileiros de aço de se aproveitarem do real fraco e dos subsídios a exportações para prejudicar os concorrentes norte-americanos.
Em artigo publicado no site da Fox Business, Navarro afirmou que o Brasil “explorou” a cota de aço semiacabado para exportar quase 4 milhões de toneladas métricas para os EUA em 2023, o que representa 14% do total das importações de aço no país da América do Norte, segundo ele.
Navarro acrescentou que usinas norte-americanas, então, relaminavam chapas de aço brasileiras e as transformavam em produtos acabados, às custas da indústria americana. O caso ilustra o argumento de Navarro em favor das tarifas a importações de aço e alumínio anunciadas por Trump nesta semana.
Segundo ele, o ex-presidente dos EUA Joe Biden implementou uma série de isenções às medidas do primeiro governo Trump para proteger os setores domésticos. “O resultado líquido foi a eliminação de quase todos os ganhos obtidos com as tarifas originais de Trump”, escreveu.
Navarro ressaltou que as novas ações de Trump vão assegurar que todas as importações, independentemente do local de origem, estejam sujeitas a tarifas.
“As tarifas de Trump 2.0 reprimem toda essa evasão tarifária expandindo significativamente a cobertura tarifária para capturar a evasão de produtos derivados, mesmo que o processo de exclusão de produtos tenha sido eliminado”, destacou ele.
Diálogo com os EUA
O Instituto AçoBrasil afirmou em nota que as empresas associadas estão confiantes na abertura de diálogo entre os governos dos Estados Unidos e do Brasil para restabelecer o fluxo de produtos de aço para o país americano nas bases acordadas em 2018. Para o Instituto, essa negociação se daria em razão da parceria ao longo de muitos anos entre os dois países e por entender que a taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não será benéfica para ambas as partes.
O AçoBrasil afirma que recebeu com “surpresa” a decisão do governo dos EUA de estabelecer alíquota de importação do aço para 25%, independentemente da origem, derrubando, no caso do Brasil, acordo firmado no primeiro mandato do presidente Donald Trump, em 2018, para importação do aço brasileiro.
Naquela ocasião, os governos de Estados Unidos e Brasil negociaram o estabelecimento de cotas de exportação para o mercado norte-americano de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados/placas e 687 mil toneladas de laminados. Tal medida flexibilizou decisão anterior do presidente Donald Trump que havia estabelecido alíquota de importação de aço para 25%.
Ainda segundo a nota, os Estados Unidos importaram, em 2024, 5,6 milhões de toneladas de placas por não dispor de oferta suficiente para a demanda do produto em seu mercado interno, das quais 3,4 milhões de toneladas vieram do Brasil. “As exportações brasileiras de produtos de aço para os Estados Unidos cumpriram integralmente as condições estabelecidas no regime de ‘hard quota‘, não ultrapassando, em momento algum, os volumes estabelecidos tanto para semiacabados como para produtos laminados”, destaca o AçoBrasil.
O posicionamento do Instituto acrescenta ainda que, ao contrário do alegado na proclamação do governo americano no dia 10 de fevereiro, “inexiste qualquer possibilidade de ocorrer, no Brasil, circunvenção para os Estados Unidos de produtos de aço oriundos de terceiros países”.
“Estados Unidos e Brasil detêm parceria comercial de longa data, que vem sendo, historicamente, favorável ao primeiro”, prossegue a nota que relembra que nos últimos cinco anos, os Estados Unidos tiveram superávit comercial médio de US$ 6 bilhões. “Considerando, especificamente, o comércio dos principais itens da cadeia do aço – carvão, aço e máquinas e equipamentos – Estados Unidos e Brasil detêm uma corrente de comércio de US$ 7,6 bilhões, sendo os Estados Unidos superavitários em US$ 3 bilhões”, ressalta o Instituto.
Com informações de Estadão Conteúdo
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