O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no Brasil, registrou uma variação de 0,16% em janeiro, contra 0,52% registrado em dezembro. Segundo o IBGE, esse é o menor índice para o mês de janeiro, desde o início do Plano Real.
“A boa notícia, no entanto, tem que ser ponderada: boa parte da desaceleração foi resultante do Bônus de Itaipu que fez a energia elétrica residencial despencar 14,21% no mês”, explica o economista André Perfeito.
O grupo de Transportes apresentou a maior variação positiva no mês, com alta de 1,30% e impacto de 0,27 ponto percentual no índice geral. Este aumento foi influenciado principalmente pelos reajustes nas tarifas de ônibus urbano em diversas capitais, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, além do aumento nos preços das passagens aéreas, que subiram 10,42%.
Alimentação e bebidas também contribuíram para a inflação de janeiro, registrando alta de 0,96% e impacto de 0,21 ponto percentual. Itens como cenoura (36,14%), tomate (20,27%) e café moído (8,56%) foram os principais responsáveis por essa elevação. Por outro lado, produtos como batata-inglesa (-9,12%) e leite longa vida (-1,53%) apresentaram queda nos preços, ajudando a conter um avanço maior do índice.
O grupo Habitação foi o único a apresentar variação negativa, com queda de 3,08% e impacto de -0,46 ponto percentual no IPCA de janeiro. Esse resultado deve-se principalmente à redução de 14,21% na energia elétrica residencial, decorrente da incorporação do Bônus de Itaipu nas faturas emitidas no mês.
Meta do Banco Central
Com o resultado de janeiro, a inflação acumulada nos últimos 12 meses atinge 4,56%, aproximando-se do centro da meta estabelecida pelo Banco Central para 2025, que é de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
“Claro que iniciar o ano com um IPCA baixo conta ponto, mas sabemos bem que a função de reação do Banco Central está vinculada à inflação de Serviços, que subiram. Desta forma, é seguro dizer que o Copom irá manter o freio de mão puxado da Selic e, assim, nada se altera na trajetória do juros básicos”, analisa Perfeito, que a Selic deve chegar a 15% já neste primeiro semestre.
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