Durante o pico mais alto da pandemia da covid-19, muitos setores tiveram que reformular seus modelos de negócios. No caso do franchising, esforços visando a aceleração da digitalização, intensificação do suporte ao franqueado e eficiência operacional foram decisivos para garantir que a taxa de fechamento definitivo de franquias permanecesse baixa.
Para Lyana Bittencourt, sócia-diretora do Grupo Bittencourt, manter esses ensinamentos para além do pós-pandemia é essencial para a evolução do setor. ”As franquias devem continuar interpretando seu consumidor como o centro, levando soluções direcionadas a eles”, conta.
A executiva cita o fim da diferenciação entre canais como principal evolução trazida pela pandemia. Segundo ela, o setor quebrou paradigmas ao entender que as redes e a marca deveriam ter uma relação de interdependência, possuindo um canal unificado ao se relacionar com seus consumidores.
“Antes, cada canal tinha um ‘feudo’ próprio. Agora, entende-se que o consumidor é da marca, não do canal. Dessa forma, as redes estão tendo que pensar no franchising — loja própria, digital — como um todo”, diz ela.
Para acompanhar as mudanças de hábitos de consumo dos clientes, a executiva conta ainda que as franquias quebraram paradigmas que limitavam franqueados a operarem exclusivamente com o fluxo de seu ponto, atingido pelas medidas de restrição social impostas para conter o avanço do vírus. “Essa situação fez com que muitas mudanças, inclusive estruturais e jurídicas, acontecessem no franchising”, complementa.
Alavancado pela retomada das atividades presenciais, o setor segue em recuperação, apresentando um crescimento de 8,8% no faturamento do 1º trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com levantamento trimestral realizado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), o período totalizou receita de R$ 43,380 bilhões frente aos 39,881 bilhões observados em 2021.
O futuro do franchising é consciente
Lyanna Bittencourt também comentou sobre o movimento ”Franchising Consciente”, criado pelo Grupo Bittencourt e Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB). Com o objetivo de incentivar modelos de negócio sustentáveis para o setor, as empresas desenvolveram um projeto que desenvolve ecossistemas de negócios mais humanizados.
Sob os pilares propósito maior; orientação para stakeholders; liderança consciente; e cultura consciente, a metodologia incentiva empresas a avançarem em iniciativas ESG. “Uma cultura consciente muda tudo no jogo e, mais do que isso, uma liderança que é consciente do seu papel consegue ir muito além do lucro a curto prazo”, comenta Lyanna.
Em tempos nos quais o consumidor está cada vez mais consciente e exige transparência sobre os produtos e marcas que consome, adotar iniciativas sustentáveis é essencial para a sobrevivência no mercado.
“Alguns empresários sentem que precisam fazer melhor, mas às vezes não sabem por onde começar. Achamos que a metodologia ajudou a acelerar o processo [de implementação de modelos de negócio sustentáveis], mas vai depender de cada um sentir que é necessário fazer e entender o mundo ao redor”, finaliza.
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